Autor de The Witcher: Escolas dos games não estão nos livros

Autor de The Witcher: Escolas dos games não estão nos livros

A saída do ator Henry Cavill do papel de Geralt na série “The Witcher”, da Netflix, foi marcada por divergências constantes com os produtores em relação ao desvio do material-fonte. A produção televisiva, amplamente popular, baseia-se na obra “O Último Desejo”, de Andrzej Sapkowski, uma coletânea de contos que narra as aventuras do renomado bruxo. Embora a série da Netflix receba críticas frequentes por se afastar dos livros de Sapkowski, o mesmo nível de escrutínio não foi direcionado à CD Projekt Red, desenvolvedora dos aclamados videogames da franquia, cujas adaptações se diferenciaram ainda mais do que o autor original concebeu. Recentemente, Sapkowski revelou uma das maiores discrepâncias entre seu trabalho literário e os jogos eletrônicos: o conceito das diferentes Escolas de Bruxos. (via: thegamer)

geralt wolf medallion witcher

A ideia de múltiplas Escolas de Bruxos, um pilar fundamental no universo dos jogos, não encontra sua origem nas páginas dos livros de Sapkowski. No imaginário dos fãs dos videogames, Geralt de Rívia pertence à Escola do Lobo, e o lore se estende para incluir outras escolas distintas, como a da Víbora, da Mantícora e do Urso, entre outras. Cada uma delas, inclusive, possui conjuntos de armaduras especiais que podem ser encontrados e coletados em “The Witcher 3: Wild Hunt”, conferindo uma profundidade adicional à mitologia do game. Contudo, essa elaborada estrutura de escolas é, conforme o próprio Sapkowski, uma invenção quase que exclusiva do meio eletrônico.

Em uma sessão de perguntas e respostas (AMA) no Reddit, cujos detalhes foram divulgados pela revista “PC Gamer”, o escritor polonês esclareceu a origem dessa concepção. Questionado sobre as escolas, Sapkowski afirmou que “uma única frase sobre alguma ‘Escola do Lobo’ misteriosamente entrou em ‘O Último Desejo'”. Ele prosseguiu, explicando que considerou essa menção “indigna de desenvolvimento e narrativamente incorreta, até mesmo prejudicial para o enredo”. Por essa razão, Sapkowski ressaltou que, subsequentemente, nunca mais incluiu ou fez referência a quaisquer “Grifinórias ou Sonserinas de bruxos” em suas obras. Aquele breve trecho, no entanto, foi suficiente para inspirar futuras adaptações.

O autor não hesitou em criticar a forma como os adaptadores, especialmente os desenvolvedores de videogames, se apegaram àquela única menção e a expandiram de maneira tão significativa. Segundo Sapkowski, eles “se agarraram à ideia com notável tenacidade e multiplicaram maravilhosamente essas ‘escolas de bruxos'”. Em sua avaliação, toda essa elaboração era “completamente desnecessária” para a narrativa que ele havia originalmente construído. A observação de Sapkowski ilumina a tensão entre a fidelidade ao material-fonte e a liberdade criativa inerente às adaptações para diferentes mídias.

Diante da consolidação desse conceito no universo expandido de “The Witcher”, Sapkowski expressou incerteza sobre como lidar com a situação no futuro. Ele ponderou diversas abordagens, desde remover a linha original das futuras edições de seus livros, até dedicar-se a explicar a sua origem em obras futuras. Outra possibilidade considerada pelo autor seria esclarecer o motivo pelo qual certos personagens possuem determinados medalhões, oferecendo uma nova perspectiva sobre os elementos já estabelecidos na mente dos fãs da franquia. A discussão do autor sublinha o complexo diálogo entre criador e adaptadores, e o impacto duradouro de pequenas decisões no desenvolvimento de um vasto universo ficcional.

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