Um segredo de Baby Steps pune quem ousa pular as cutscenes

Um segredo de Baby Steps pune quem ousa pular as cutscenes

Um novo título no cenário dos videogames, “Baby Steps”, tem se destacado não apenas por sua proposta de jogabilidade, mas também por uma abordagem peculiar e deliberadamente desafiadora em relação à experiência do jogador, especialmente no que tange ao ato de pular cenas de corte. O jogo, que herda o espírito de frustração característico das obras anteriores de seu criador, Bennett Foddy – conhecido pelo infame “Getting Over It” –, transforma até mesmo a ação de avançar em um obstáculo. (via: thegamer)

A premissa central de “Baby Steps” envolve uma luta constante, onde cada movimento do protagonista, Nate, é um exercício de paciência e controle. Essa filosofia se estende de forma inesperada às cenas de corte. Enquanto inicialmente o jogador pode ignorar esses momentos narrativos com a facilidade habitual, a cada cena subsequentemente pulada, a dificuldade aumenta. O jogo exige que o jogador complete um minigame específico para conseguir avançar, e esses desafios se tornam progressivamente mais complexos à medida que o jogo avança. Essa característica singular revela uma intenção clara dos desenvolvedores de questionar ou, talvez, punir o hábito de alguns jogadores de apressar a progressão do jogo.

Curiosamente, a persistência em pular todas as cenas de corte do jogo leva a uma recompensa secreta, que foge completamente do convencional. Ao alcançar o final da jornada após ter se esforçado para ignorar cada interrupção narrativa, os jogadores são presenteados com uma cena de corte especial. Esta sequência, descrita como um “podcast” de quase meia hora de duração, apresenta uma conversa descontraída entre Gabe Cuzzillo, que dá voz ao personagem Nate, e Bennett Foddy, que interpreta Moose.

A existência dessa cena secreta foi inicialmente revelada e capturada em sua totalidade pelo youtuber Cuttyflame, conforme destacado pela publicação PC Gamer. O diálogo entre Cuzzillo e Foddy abrange uma miríade de tópicos aleatórios e, por vezes, excêntricos. Entre os assuntos abordados, estão discussões sobre o próximo jogo da desenvolvedora Naughty Dog, uma acalorada argumentação a respeito do Cirque du Soleil e um bate-papo peculiar sobre o Coringa e outros palhaços fictícios. Notavelmente, a conversa também inclui algumas alfinetadas direcionadas, com bom humor, aos próprios “puladores de cenas”.

A dinâmica da conversa é descrita como bastante divertida e envolvente, com os dois participantes discorrendo sobre temas aparentemente desconexos antes de, eventualmente, se darem conta de que estão gravando para um videogame e que talvez seja apropriado rolar os créditos. A percepção sobre essa recompensa final varia. Para alguns, a cena pode ser interpretada como um agrado inesperado, quase uma forma de reconhecimento pela obstinação em superar as barreiras impostas para pular as cenas. Contudo, considerando o perfil dos jogadores que tendem a pular cenas – aqueles que preferem uma experiência mais direta e focada na ação –, é plausível que a ideia de dedicar vinte minutos a ouvir uma conversa divagante sobre, por exemplo, cachorros-quentes, possa não ser tão atraente.

Dessa forma, “Baby Steps” solidifica a reputação de Bennett Foddy de criar jogos que desafiam as expectativas dos jogadores, subvertendo convenções e transformando a frustração em um elemento central da experiência lúdica. A forma como o jogo lida com as cenas de corte é mais um testemunho da criatividade e do humor por vezes ácido que perpassam suas criações, oferecendo uma camada extra de metalinguagem e interação que tem cativado a atenção da comunidade gamer.

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