Ex-diretor de God of War alerta editoras sobre futuro dos jogos

Ex-diretor de God of War alerta editoras sobre futuro dos jogos

A indústria global de videogames, apesar de testemunhar lançamentos de títulos de grande orçamento, tem enfrentado um período de instabilidade marcado por demissões e fechamentos de estúdios. Em meio a este cenário desafiador, Juinio, uma veterana que atuou como co-chefe e diretora de desenvolvimento de produtos no Santa Monica Studio até junho de 2025, ofereceu uma perspectiva sobre como as empresas podem mitigar as consequências dessas tendências. (via: gamerant)

Kratos wielding the Blades of Chaos against an enemy - God Of War Ragnarok

O Santa Monica Studio é amplamente reconhecido pela franquia God of War, um exemplo de sucesso estrondoso no segmento de jogos AAA (triple-A). A reformulação da série para a atual geração de consoles, iniciada em 2018, foi um sucesso de público e crítica. Atualmente, há indícios de que um novo título de God of War está em desenvolvimento, que pode ser um jogo principal ambientado no Egito ou um spin-off explorando outro gênero. Embora os detalhes ainda sejam um mistério, a expectativa em torno da franquia é alta. Contudo, Juinio, uma das antigas líderes por trás desse sucesso, sugere que a indústria pode precisar se afastar, ao menos em parte, de uma dependência exclusiva desses grandes lançamentos AAA.

Zoe and Mio with dragons in Split Fiction

Em uma entrevista concedida à revista Game Developer, Juinio expressou a crença de que as grandes editoras de jogos têm se concentrado excessivamente em títulos AAA desde o período pós-pandemia. Segundo a ex-diretora, há um imenso “poder na criatividade e inovação” que a indústria poderia explorar ao olhar além dos projetos de alto orçamento. Ela defende que a exploração de jogos com menor investimento, mas mais experimentais, os chamados títulos Double-A (AA) e Single-A (A), poderia gerar os tipos de resultados que os estúdios almejam.

Jason on a bike in Grand Theft Auto 6

Essa linha de raciocínio é corroborada por exemplos recentes no mercado. No último ano, o jogo “Split Fiction” alcançou a marca de mais de quatro milhões de cópias vendidas em apenas alguns meses, demonstrando o potencial de sucesso de produções que não se encaixam necessariamente no molde dos grandes AAA. Em contraste, títulos AAA de editoras renomadas como “Dragon Age: The Veilguard” e “EA Sports FC 2025”, da EA, ficaram aquém das expectativas de vendas e engajamento.

Apesar de sua defesa pela diversificação, Juinio não descarta totalmente a importância dos jogos AAA. Ela reconhece que há um retorno “potencialmente muito grande” quando um título de alto custo, que demandou um longo ciclo de desenvolvimento, tem um desempenho excepcional. Entretanto, ela enfatiza que a estratégia de despejar mais recursos nesses tipos de jogos sem uma diversificação para outros projetos, que podem ser mais inovadores e arriscados, pode não ser suficiente para interromper o ciclo de demissões, fechamentos de estúdios e cancelamentos que tem varrido o setor.

Os desafios enfrentados pela indústria de jogos são notórios. Mesmo com alguns lançamentos de grande impacto, os tempos recentes não têm sido favoráveis. Em 2025, a Microsoft, uma das gigantes do setor, realizou demissões que atingiram milhares de funcionários, e incontáveis desenvolvedores viram suas portas fechadas e seus projetos arquivados.

Por enquanto, não há sinais de que os jogos AAA estão prestes a desaparecer ou diminuir em escopo. Muitos títulos futuros ainda estão sendo desenvolvidos com orçamentos na casa das centenas de milhões de dólares. Há rumores, por exemplo, de que o aguardado “GTA 6” teria um orçamento próximo de US$ 1 bilhão. Será crucial observar como esses megaprojetos se desenrolam e qual impacto terão na dinâmica da indústria.

Ao mesmo tempo, as histórias de sucesso independentes continuam a surgir, como evidenciado pelo aguardado “Hollow Knight: Silksong”. O futuro da indústria de videogames permanece incerto, mas a perspectiva de veteranos como Juinio aponta para a diversificação como um caminho essencial para a prosperidade e estabilidade do setor.

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