A transição de protagonistas em produções de grande visibilidade, especialmente aquelas com uma base de fãs dedicada, é invariavelmente um processo delicado. Em 2022, o anúncio da saída de Henry Cavill do papel de Geralt de Rivia na série “The Witcher” da Netflix reverberou intensamente entre os admiradores da saga. Pouco depois, a plataforma confirmou que o ator Liam Hemsworth assumiria o manto do Lobo Branco, uma notícia que imediatamente colocou o novo intérprete em uma posição desafiadora perante a fervorosa comunidade de fãs. (via: thegamer)
A escolha de Hemsworth não ocorreu sem hesitação, conforme revelado pelo próprio ator em entrevista à RadioTimes em 2024. Ele admitiu ter sido “bastante relutante” inicialmente, expressando ter “muitas preocupações e perguntas sobre tudo isso.” Essa apreensão era compreensível, dado o cenário em que Cavill era frequentemente visto como um defensor solitário da fidelidade ao material original contra uma equipe de produção que, na percepção de muitos fãs, por vezes se afastava dos livros e jogos.
O elo de Hemsworth com a franquia, contudo, foi um fator determinante em sua decisão. O ator destacou seu apreço pelos videogames, pela série da Netflix e, notavelmente, pela leitura dos livros de Andrzej Sapkowski. “Acho que se eu não fosse um fã, se eu não me importasse com isso, eu não teria entrado”, explicou. “A razão pela qual eu aceitei foi porque eu era um fã, e porque eu pensei que poderia fazer justiça a esse personagem. Eu pensei que poderia trazer uma interpretação interessante para essa parte da história.” Essa declaração sublinha sua intenção de honrar o legado do personagem, ao mesmo tempo em que busca imprimir sua própria marca. O ator chegou a afirmar, também em 2024, que “The Witcher 3: Wild Hunt” é um dos melhores jogos já criados, reforçando sua profunda conexão com o universo.
Apesar do entusiasmo e da dedicação declarada de Hemsworth, a recepção de sua interpretação já se mostra polarizada. Mesmo antes da estreia da nova temporada, com apenas um trailer divulgado, a representação do ator já enfrenta controvérsias. A quarta temporada, assim, parece iniciar em terreno instável, com uma parcela significativa da comunidade de fãs já formada em sua opinião: sem Cavill, a série perde seu apelo.
As críticas se estendem ao diálogo da série, com observações de que Geralt “jamais diria” certas frases. Tais queixas alimentam novamente o mito de que Cavill funcionava como um baluarte contra uma equipe de produção mal direcionada, um papel que muitos fãs duvidam que Hemsworth possa preencher. No entanto, a showrunner Lauren Schmidt Hissrich abordou essa transição complexa. Ela esclareceu que, embora manter a identidade visual de Geralt fosse crucial, era igualmente importante permitir que Liam Hemsworth se apropriasse do personagem.
“Ele é um ser humano diferente”, Schmidt Hissrich comentou, reconhecendo a inevitável distinção entre os dois atores. “Mas acho que há tantas coisas que são sinônimas de Geralt – a peruca branca, os olhos amarelos, o couro preto e não usar nenhuma cor, e o jeito como ele se move pelo mundo. Essas coisas tinham que permanecer, mas, na verdade, essas conversas foram tão impulsionadas por Liam desde a primeira vez que nos encontramos. Ele precisava fazer Geralt seu, e era realmente importante deixá-lo fazer isso e deixá-lo explorar e encontrar o seu Geralt.” Essa perspectiva da showrunner ressalta a importância de um ator encontrar sua própria voz dentro de um papel icônico, em vez de simplesmente imitar a performance anterior.
A penúltima temporada de “The Witcher” na Netflix, que apresentará Liam Hemsworth no papel de Geralt de Rivia, tem sua estreia marcada para 30 de outubro. A data representa um momento de grande expectativa e escrutínio, onde os fãs poderão finalmente formar suas próprias impressões sobre a nova fase da saga e a interpretação de Hemsworth. A jornada do Lobo Branco, agora sob um novo rosto, continua a desafiar as expectativas e a suscitar debates intensos entre sua dedicada audiência global.



