CEO da Take-Two acha que GTA com IA não seria tão bom

CEO da Take-Two acha que GTA com IA não seria tão bom

O impacto da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de jogos, especialmente em títulos de grande porte como Grand Theft Auto, ainda é limitado devido à inerente falta de criatividade desses modelos. Esta é a avaliação de Strauss Zelnick, CEO da Take-Two Interactive, empresa responsável por algumas das mais bem-sucedidas franquias da indústria global de videogames. (via: videogameschronicle)

A declaração foi feita durante o Technology Executive Council Summit da CNBC, realizado na terça-feira. Zelnick foi questionado sobre a influência da IA no processo de criação de jogos e se a tecnologia poderia contribuir para acelerar a produção. Embora se considere alguém que “não é um pessimista” (“naysayer”), o executivo afirmou que o impacto da IA na produção de jogos permanece “limitado”. A Take-Two Interactive é a holding por trás de estúdios renomados, cujas criações incluem séries como Borderlands, NBA 2K e BioShock, além do icônico Grand Theft Auto.

Zelnick apontou dois obstáculos principais para uma adoção mais ampla e transformadora da IA no desenvolvimento de conteúdo criativo. Um dos motivos, segundo ele, reside na complexa questão da propriedade intelectual. Contudo, o executivo destacou que um desafio ainda maior é a natureza intrinsecamente “retrospectiva” da inteligência artificial. Isso ocorre porque os modelos de IA dependem diretamente de vastos conjuntos de dados compostos por informações já existentes e antigas.

Para ilustrar seu ponto, Zelnick propôs um cenário hipotético: “Digamos que não houvesse restrições [à IA]. Poderíamos apertar um botão amanhã e criar um equivalente a ‘Grand Theft Auto’, com o plano de marketing e tudo mais?” A resposta do CEO foi categórica: “A resposta é não.” Ele detalhou que, primeiramente, “ainda não é possível fazer isso”. Em segundo lugar, e mais importante em sua visão, é que o resultado final “não seria muito bom”, mas sim “bastante derivativo”.

Zelnick aprofundou sua compreensão sobre a essência da IA ao afirmar: “Quer as pessoas no Vale do Silício gostem de ouvir isso ou não, a IA são grandes conjuntos de dados, com muito poder computacional, anexados a um grande modelo de linguagem. Então, o que são conjuntos de dados por definição? São retrospectivos.” Essa perspectiva sublinha a sua crença de que a criatividade genuína não pode emergir de um sistema que apenas processa e reorganiza informações pré-existentes.

Apesar de suas ressalvas quanto à criatividade, Zelnick reconheceu que a IA possui aplicações valiosas. Ele explicou que “qualquer coisa que envolva dados retrospectivos, computação e LLMs, a IA é realmente boa para”, e que isso se aplica a muitas das atividades realizadas na Take-Two. Nesses domínios, a tecnologia pode otimizar processos e auxiliar em tarefas que se beneficiam da análise de padrões e da síntese de informações passadas.

No entanto, o executivo alertou que a IA será “realmente, realmente ruim” em qualquer tarefa que não esteja vinculada a essa natureza retrospectiva e orientada por dados. “Não há criatividade que possa existir, por definição, em qualquer modelo de IA, porque é orientada por dados”, reiterou Zelnick, reforçando a limitação fundamental que ele percebe na tecnologia para a geração de conteúdo verdadeiramente original e inovador.

A filosofia da Take-Two, segundo seu CEO, é justamente “criar franquias que sejam permanentes”. O exemplo mais proeminente dessa ambição é a série Grand Theft Auto, cuja aguardada sexta edição está prevista para ser lançada no próximo ano. Zelnick enalteceu a equipe por trás desses sucessos.

“A criatividade da equipe é extraordinária, e o que [a subsidiária da Take-Two] Rockstar Games tenta fazer, e até agora tem feito repetidamente, é criar algo que se aproxima da perfeição”, declarou. A visão de Zelnick, portanto, destaca a insubstituível capacidade humana de inovação e imaginação como o motor principal para o desenvolvimento de obras que capturam a atenção e permanecem relevantes na cultura popular, diferenciando-se da natureza algorítmica e baseada em dados da inteligência artificial.

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