“The Outer Worlds 2” está se preparando para ser uma evolução notável em relação ao seu predecessor, prometendo uma experiência de RPG na qual as escolhas do jogador carregam um peso significativamente maior. A abordagem dos desenvolvedores visa aprofundar a imersão, fazendo com que as decisões tomadas, tanto nas ramificações narrativas quanto na alocação de pontos de habilidade, gerem consequências duradouras. Este é um elemento fundamental que remete tanto aos RPGs clássicos quanto a títulos mais recentes e aclamados, como “Baldur’s Gate 3”, que resgatam a profundidade das escolhas. (via: thegamer)
Um dos pilares dessa filosofia de design é a deliberada ausência de um sistema de “respec”, que permite aos jogadores redistribuir seus pontos de habilidade. Essa é uma funcionalidade comum na maioria dos jogos de RPG modernos, que oferece a flexibilidade de corrigir erros ou experimentar diferentes estilos de jogo sem grandes custos. No entanto, o diretor do projeto, Brandon Adler, defende que a capacidade de viver com as próprias escolhas e seus possíveis equívocos é um componente essencial do gênero RPG, algo que ele percebe ter sido negligenciado em muitos títulos lançados recentemente.
Adler e sua equipe encorajam ativamente os jogadores a experimentarem e até mesmo a cometerem o que poderiam ser considerados “erros” na construção de seus personagens. Para aqueles que não estão familiarizados com os sistemas complexos do jogo, há uma chance real de que as primeiras alocações de pontos resultem em uma construção de personagem menos otimizada. Contudo, em “The Outer Worlds 2”, essa “imperfeição” não é algo a ser remediado por um botão de reset, mas sim uma parte integrante da jornada. Enquanto muitos jogos optam por uma abordagem mais segura, permitindo que os jogadores desfaçam suas escolhas com facilidade, o novo título se distancia dessa tendência ao forçar uma maior reflexão.
Em entrevista concedida ao portal GamesRadar+, Adler elaborou sobre essa perspectiva. “Em geral, parece que muitos jogos, mas os RPGs em particular, agem como se ‘Bem, você não tem permissão para fazer escolhas ruins, então toda construção de personagem é viável, e garantimos que, não importa o que você faça, tudo ficará bem'”, afirmou o diretor. Ele argumenta que o problema dessa abordagem, em sua opinião, reside no fato de que, para que as escolhas realmente importem, elas precisam ter o potencial de serem tanto boas quanto ruins, dependendo do contexto e das ações do jogador. Essa dualidade é o que, em última análise, confere significado e peso às decisões.
Adler observa que, ao acompanhar transmissões de jogos, ele frequentemente se depara com jogadores que montam seus personagens de forma ineficiente, sem otimizar os sistemas do jogo a seu favor. Embora essa ineficiência não impeça o jogador de concluir a campanha, ela certamente impacta a experiência, exigindo uma adaptação e, por vezes, um esforço maior para superar desafios. Esse tipo de aprendizado, que surge da necessidade de contornar ou aceitar uma construção subótima, tem se tornado raro em muitos RPGs contemporâneos. A facilidade de simplesmente seguir marcadores pré-definidos para a evolução do personagem, segundo Adler, é uma característica mais associada aos jogos massivamente multiplayer online (MMOs), e não à essência de um RPG verdadeiro, que demanda maior envolvimento.
Para o diretor, a distinção é crucial: “Em um verdadeiro RPG, você precisa pensar sobre o que está acontecendo enquanto joga”, disse Adler. Ele enfatiza a necessidade de o jogador estar disposto a se engajar profundamente com o universo e as mecânicas do jogo, assumindo a responsabilidade pelas suas escolhas. O desenvolvedor percebe um movimento de retorno a essa filosofia mais exigente e gratificante no cenário atual. “Estou começando a ver muito mais disso agora, com o surgimento de jogos como os ‘Baldur’s Gate 3’ do mundo. Acho que sim, [o gênero] está começando a voltar nessa direção”, concluiu Adler, expressando otimismo sobre o futuro dos RPGs que valorizam a agência e as consequências das escolhas do jogador. A expectativa é que “The Outer Worlds 2” se posicione como um dos principais expoentes dessa renovada valorização da profundidade e do impacto das decisões dentro do universo dos jogos de interpretação.




