Uma mudança sutil, mas notável, tem chamado a atenção na representação de personagens masculinos dentro do universo de Fortnite, o popular battle royale da Epic Games. Historicamente, o jogo optou por obscurecer ou omitir a representação de mamilos masculinos em suas diversas “skins”, as vestimentas e aparências personalizadas dos avatares. Contudo, essa prática parece estar passando por uma reavaliação. (via: kotaku)
A quebra desse padrão foi inicialmente observada no mês passado, com a introdução de uma skin do personagem Homer Simpson. Diferente de outros modelos masculinos, a representação do patriarca dos Simpsons incluía mamilos visíveis. Mais recentemente, o novo personagem Carter Wu também foi introduzido com uma skin que mostra os mamilos, reforçando a percepção de uma alteração nas diretrizes internas da Epic Games.
Anteriormente, Fortnite já havia lançado diversas skins de personagens masculinos sem camisa, tanto de figuras fictícias quanto de personalidades do mundo real. No entanto, o padrão era que essas representações sempre incluíssem alguma forma de cobertura ou simplesmente não renderizassem os mamilos. A IGN, portal especializado em videogames, destacou exemplos como Kratos, o icônico personagem de God of War, que em sua skin de Fortnite aparece com uma pele cobrindo o peito. Outros exemplos notáveis incluem o rapper Travis Scott e o ator e lutador John Cena, cujas skins sem camisa no jogo foram criadas sem a representação de mamilos.
Essa abordagem, embora peculiar para alguns, não é inédita na indústria do entretenimento. Algumas séries de anime ou inspiradas em anime, como “Free!” e “Persona”, adotaram prática similar de não representar mamilos masculinos em certos contextos. Aparentemente, a Epic Games seguia uma política interna que ditava essa omissão, seja por razões de classificação etária, estética ou conveniência de modelagem. No entanto, a inclusão de Homer Simpson e, agora, de Carter Wu com essa característica anatômica intacta, sugere que a empresa pode ter revisto suas regras internas sobre a representação da anatomia masculina em seus personagens.
Com milhares de skins disponíveis em Fortnite, é pouco provável que a Epic Games se dedique a uma extensa retificação de todos os modelos masculinos sem camisa já lançados. A tarefa seria monumental e demandaria recursos significativos. Contudo, a tendência observada indica que, a partir de agora, as futuras skins podem deixar de esconder ou remover os mamilos masculinos, estabelecendo um novo padrão de representação no jogo.
Em outro front, mas igualmente relevante para a Epic Games e seu carro-chefe Fortnite, o jogo se viu envolvido na crescente polêmica em torno do uso de inteligência artificial generativa. A indústria de videogames tem sido palco de discussões acaloradas sobre a aplicação de IA na criação de ativos para jogos, com debates sobre direitos autorais, originalidade e a necessidade de transparência por parte dos desenvolvedores.
Nesse contexto, as declarações de Tim Sweeney, CEO da Epic Games, têm adicionado combustível à discussão. Sweeney tem expressado publicamente e de forma contundente sua posição de que os desenvolvedores não deveriam ser obrigados a divulgar o uso de ferramentas de IA na produção de elementos visuais ou outros ativos dentro dos jogos. Essa postura do CEO levanta questões importantes sobre o futuro da criação de conteúdo na indústria e sobre como as empresas deverão lidar com a inovação tecnológica e as expectativas da comunidade de jogadores e criadores. A Epic Games, portanto, se posiciona no centro de duas discussões contemporâneas da indústria de jogos: uma sobre a representação visual e outra sobre os métodos de produção.



