Skate Story tem início difícil mas conquista nova tentativa

Skate Story tem início difícil mas conquista nova tentativa

Em um fenômeno ocasional que se manifesta na rotina do jornalismo de games, um analista pode experimentar um título antes do lançamento, não se conectar com ele de imediato, e então observar uma onda de elogios de colegas respeitados. Essa foi a experiência de um jornalista com o jogo “Skate Story”, um título que, em sua primeira impressão, foi descrito de forma talvez leviana como algo que “poderia ter sido um protetor de tela” e teria sido mais apreciado dessa forma. Contudo, o autor demonstrou abertura para rever sua percepção, impulsionado pela confiança em seus pares. (via: kotaku)

Os aproximadamente 60 minutos dedicados a “Skate Story” foram, em grande parte, uma experiência sensorialmente agradável para o jornalista. O jogo se destaca por seu estilo artístico vítreo e minimalista, considerado deslumbrante. Patinar pelos ambientes, adornados com belos contrastes de azuis e vermelhos, evocou no autor a mesma sensação nostálgica de caminhar por uma cidade à noite. Paralelamente, a trilha sonora atmosférica e eletrônica do grupo pop Blood Cultures complementa a atmosfera, capturando os tons mutáveis do jogo. Algumas fases oferecem uma patinação reconfortante sob um céu estrelado, enquanto outras se transformam em pistas de obstáculos mais frenéticas e ritmadas.

A descrição de “Skate Story” como uma “vibe” não captura a complexidade e a arte com que seus diversos elementos se unem. Cada manobra em trilhos e cada rampa ascendida são acompanhadas por uma melodia cativante e evocativa, contribuindo para a natureza etérea de seu mundo. No centro de sua história minimalista, reside uma ameaça existencial: o jogador controla um demônio que fez um pacto para escapar de seu terrível destino de viver como uma criatura de vidro que se estilhaça facilmente. Para atingir seu objetivo de devorar luas, o protagonista deve usar um skate. No entanto, sua constituição de vidro significa que o menor toque em uma superfície dura, uma vez que se ganha velocidade, pode resultar em estilhaços.

“Skate Story” é um jogo repleto de personagens marcantes, com figuras peculiares que proferem comentários excêntricos ao longo da jornada. Essas interações são por vezes engraçadas, por vezes profundas, mas sempre reforçam a premissa de que é preciso patinar para escapar desse belo pesadelo. A narrativa exala uma irreverência que, por vezes, remete ao estilo de diretores conhecidos por abordagens não convencionais no universo dos games, e essa característica, quando justaposta à seriedade de alguns temas, reflete a dualidade entre a patinação como algo meditativo e como uma atividade hardcore.

O jornalista ressalta que “Skate Story” é uma peça artística focada, que serve como um lembrete de que jogos são criados por pessoas e que permitir a execução de uma visão específica pode resultar em algo verdadeiramente especial. O título é descrito como um casamento impressionante de diferentes formas de arte, todas em perfeita sintonia. Contudo, enquanto assistir ao jogo é uma experiência elogiada, a jogabilidade apresenta desafios.

A dificuldade de “Skate Story”, segundo o autor, não reside nas razões esperadas. Embora o corpo de vidro do personagem o torne vulnerável a estilhaçar-se com um leve impacto, o principal obstáculo encontrado foi lutar contra um esquema de controle que parecia intencionalmente projetado para fazê-lo colidir com cada obstáculo.

As fases iniciais de “Skate Story” são caracterizadas como corredores repletos de espinhos, postes e outros elementos destinados a atrapalhar a progressão em alta velocidade. No início de sua experiência, o jornalista considerou o esquema de controle excessivamente complicado, dificultando as reações diante das obstruções. A câmera, posicionada atrás do personagem, exige que o jogador se mova de um lado para o outro sobre os trilhos, enquanto acelera, desacelera e salta. A precisão com que a câmera segue os movimentos do demônio de vidro é tanta que a orientação do jogador muda a cada mínima virada, tornando desorientador tentar fazer as mais sutis alterações de movimento.

Esses níveis em formato de corredor também se mostraram problemáticos quando o jogo exigia uma guinada brusca. O autor notou que, em seu tempo de jogo, “Skate Story” não oferecia uma maneira de realizar tais manobras sem praticamente parar e perder todo o impulso. Essa frustração foi agravada pelo som desagradável do skate raspando no vidro, que destoava da paisagem sonora que era, de outra forma, deliciosa.

Apesar das frustrações com a jogabilidade, que iam de encontro a tudo que o jornalista admirava no game, o impacto de “Skate Story” foi inegável. Enquanto redigia a análise, ele continuava ouvindo a trilha sonora, e as imagens dos percursos de obstáculos do jogo ainda preenchiam sua mente. O título deixou uma impressão marcante, tanto positiva quanto negativa, levando o autor a considerar a possibilidade de dar uma nova chance ao jogo, a fim de descobrir qual dessas sensações prevalecerá ao final da experiência.

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