Diretamente de sua revelação no The Game Awards 2025, o novo jogo “No Law”, um RPG de tiro em primeira pessoa de mundo aberto, já atrai a atenção por suas notáveis semelhanças com “Cyberpunk 2077”, da CD Projekt. Contudo, a desenvolvedora Neon Giant, responsável pelo título, afirmou esperar tais comparações, mas fez questão de ressaltar as importantes distinções entre as obras. (via: ign)
“No Law” é o projeto mais recente da Neon Giant, o estúdio por trás de “The Ascent”, um aclamado shooter isométrico com temática cyberpunk lançado em 2021. Com o novo jogo, a Neon Giant não apenas muda a perspectiva da câmera, mas também o tom, adotando uma estética cyberpunk mais “pé no chão” que se desenrola em uma única cidade. O trailer de estreia, de fato, evoca uma forte atmosfera de “Cyberpunk 2077”.
Em uma entrevista concedida à IGN antes do anúncio oficial, os co-fundadores e diretores criativos do estúdio, Tor Frick e Arcade Berg, explicaram as razões por trás da decisão de criar um novo jogo, em vez de investir em “The Ascent 2” ou uma sequência em primeira pessoa do título anterior. A discussão abordou diversos aspectos, desde a ambientação da cidade até o combate, o impacto das escolhas de diálogo e a divertida mecânica de chute exibida no trailer.
Frick esclareceu que tanto ele quanto Berg, assim como grande parte da equipe, possuem um histórico significativo no desenvolvimento de jogos em primeira pessoa. Segundo ele, “The Ascent” representou um território inexplorado para o estúdio, que nunca havia trabalhado com um twin-stick shooter. Com “No Law”, a equipe sente que está “voltando às suas raízes”, desenvolvendo algo com o qual se sente mais confortável e apaixonada. O diretor enfatizou a familiaridade do estúdio com a criação de jogos ambiciosos e de alta fidelidade em primeira pessoa, especialmente no segmento single-player, tornando o passo para “No Law” um movimento natural para a equipe, visando aprofundar a experiência de um jogo narrativo e em primeira pessoa.
A perspectiva em primeira pessoa também se justifica pelo desejo de maior imersão. Frick destacou que, em “The Ascent”, o foco estava na construção do mundo, na história e na atmosfera. Para “No Law”, a intenção é aprofundar essa imersão, permitindo que os jogadores apreciem os detalhes da narrativa de forma mais íntima, algo que a equipe sentiu falta no título anterior. Arcade Berg, por sua vez, mencionou que a equipe ficou feliz com a repercussão de mods de “The Ascent” em primeira pessoa, que geraram um bom “buzz”, mas ressaltou que isso não influenciou diretamente a decisão, que já era uma intenção do estúdio.
A densidade e o detalhe visual, marcas registradas de “The Ascent”, serão ainda mais acentuados em “No Law”. Tor Frick afirmou que o estúdio busca uma fidelidade e densidade extremamente altas, priorizando a profundidade e a intimidade da experiência em detrimento de um mundo vasto e “espalhado”. Berg complementou, explicando que, embora haja elementos familiares do DNA da Neon Giant, “No Law” apresenta um desafio criativo distinto. Enquanto “The Ascent” era pura ficção científica ambientada em uma arcologia, o novo título é “muito mais fundamentado”. É um mundo cyberpunk ainda high-tech e futurista, mas com elementos mais orgânicos, como vegetação e vida na superfície da cidade. O jogo incluirá ciclos dia/noite, condições climáticas e um mundo vibrante, permitindo aos jogadores explorar diferentes ambientes dentro da mesma metrópole.
A transição para uma nova Propriedade Intelectual, em vez de uma sequência direta de “The Ascent”, foi uma escolha deliberada. Frick explicou que a equipe decidiu criar algo novo rapidamente, pois o tipo de jogo que desejavam desenvolver não se alinhava completamente com o universo de “The Ascent”. Em vez de forçar o mundo existente a se adaptar, preferiram construir um novo cenário que permitisse mecânicas mais “fundamentadas” e que fizesse tudo funcionar em conjunto. Arcade Berg adicionou que, embora uma sequência de “The Ascent” fosse um “sucesso financeiro garantido”, o estúdio foi fundado por pessoas criativas que buscam desafios e novas ideias, evitando o esgotamento criativo. Ele expressou a esperança de que “No Law” seja um “sucesso estrondoso” e que os jogadores sintam a paixão e o cuidado com que o jogo foi desenvolvido.
Em relação às comparações com “Cyberpunk 2077”, os diretores reconheceram que enfrentam essa análise diariamente. Tor Frick enfatizou que “No Law” é um jogo e um mundo muito diferentes. Enquanto “Cyberpunk 2077” é uma experiência grandiosa em uma “mega-cidade”, “No Law” é “muito mais íntimo”, tanto nas mecânicas de jogabilidade quanto no universo. Ele acredita que essa diferença ficará mais evidente à medida que os jogadores tiverem mais contato com o jogo, que promete uma experiência pessoal e reativa ao jogador, ao invés de um pano de fundo épico.
Arcade Berg complementou que as referências para “No Law” vêm de diversas fontes ficcionais, como livros, quadrinhos, filmes e séries, com poucas inspirações diretas de outros jogos. O estúdio busca inspiração em filmes de ação dos anos 80 e 90, cenas de ação de Hong Kong, quadrinhos americanos e mangás, e animes. Berg destacou que a Neon Giant não busca um tom “sombrio e angustiante”, mas sim um “espetáculo de violência” que seja divertido para o jogador, mantendo um senso de humor sutil presente também em “The Ascent”. A diversão é um elemento central para a experiência.
“No Law” será um RPG em primeira pessoa com foco em um personagem predefinido, Grey Harker. Os jogadores poderão investir pontos de experiência em habilidades, desbloquear novas capacidades e personalizar o equipamento e a aparência visual do protagonista. Arcade Berg explicou que o objetivo é que cada jogador tenha uma “história de usuário” única, com as escolhas de jogabilidade e diálogo influenciando os eventos. Um mantra da desenvolvedora é que “o jogador nunca pode jogar errado”, o que significa que todas as abordagens são válidas, seja arrombando uma porta ou explodindo-a.
As decisões de diálogo podem ter um impacto significativo na experiência, variando de “minutas a muito, muito grandes”, embora não sejam o foco principal do jogo. Tor Frick explicou que “No Law” é um jogo narrativo com começo e fim, e a maneira como os eventos se desenrolam é moldada pelas escolhas do jogador.
No combate, a Neon Giant quer oferecer aos jogadores uma “caixa de ferramentas” com diversas opções. Além das armas de fogo, que prometem excelente som e sensação, haverá muitos outros gadgets e ferramentas para experimentar. A equipe busca uma ação “pesada”, com explosões satisfatórias, mas que permita diferentes estilos de jogo: desde ir “atirando a torto e a direito” até planejar abordagens elaboradas com furtividade, embora a violência seja uma constante. Arcade Berg revelou que os personagens do mundo reagirão ao estilo de jogo do protagonista, com comentários que variam de “trabalho limpo” para abordagens táticas a “o que diabos aconteceu aqui?” para estratégias mais barulhentas, reforçando a ideia de que o jogo responde à maneira como o jogador interage com o ambiente.
O chute, uma mecânica divertida vista no trailer que permite arremessar inimigos de edifícios, é uma das muitas funcionalidades disponíveis. Arcade Berg observou que, durante os testes, os jogadores tendem a usar bastante essa habilidade ao encontrá-la.
“No Law” está em desenvolvimento para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X e S.



