Durante a pré-apresentação do The Game Awards, um evento que tradicionalmente revela grandes novidades do universo dos jogos eletrônicos, um título em particular capturou a atenção do público: “Bradley the Badger”. O jogo, descrito como um plataformer de ação, destacou-se por sua proposta inovadora e uma abordagem que desafia as convenções, mergulhando em camadas de metalinguagem sobre a própria indústria dos games. (via: kotaku)
O trailer de “Bradley the Badger” abriu com uma premissa nostálgica, apresentando Bradley como um mascote carismático, com cores vibrantes, que remetem aos clássicos jogos de plataforma da era do PlayStation 2. O personagem embarca em sua mais recente aventura, apenas para descobrir que sua casa foi inexplicavelmente transportada para um cenário sombrio, ao estilo dos jogos “Soulslike”. Paredes feitas de mãos petrificadas e lanternas azuis brilhantes criam uma atmosfera lúgubre, culminando com a aparição de um cartão de título que anuncia “Badgerborne”, uma clara alusão a um conhecido título do gênero.
No entanto, a jornada de Bradley por essa realidade desagradável rapidamente revela que o cenário está longe de ser finalizado. Elementos artísticos são marcados com a indicação “AGUARDANDO REVISÃO”, enquanto bilhetes adesivos espalhados pelo ambiente exigem correções. É nesse ponto que a mecânica central do jogo se revela: Bradley descobre que pode manipular essas texturas inacabadas e blocos provisórios. Ele tem a capacidade de arrastar e remodelar plataformas, além de reprogramar as propriedades de diversos itens presentes no mundo. Essa ideia, por si só, já se mostra promissora, oferecendo uma camada de interatividade e criatividade ao jogador.
A experiência de jogo, contudo, continua a se expandir. Ao se encontrar em uma realidade inspirada em “Cyberpunk 2077”, Bradley ganha a habilidade de se transformar em itens do cenário ainda sem textura, como uma lixeira capaz de rolar pelas paredes. Em outra paródia, desta vez a “The Last Of Us”, o personagem pode se transformar tanto em uma picape quanto em uma maçã que altera seu tamanho. A proposta é que o jogo não exige que os jogadores aprendam a programar, mas sim que utilizem controles intuitivos para ajustar as configurações dos itens, tornando-os explosivos ou inertes, grandes ou pequenos, magnéticos ou não.
No ápice dessa exploração de realidades e manipulação de elementos, Bradley atinge o limite do que foi programado no jogo. É nesse instante que a narrativa toma um rumo ainda mais inesperado: ele acorda. A transição é abrupta e impactante, revelando uma pessoa real, por meio de sequências de vídeo em movimento completo (FMV), com pés e mãos sujos, e um chapéu de texugo mal ajustado na cabeça. Ele se encontra nos estúdios de desenvolvimento da Dreamwoods Games, onde pôsteres e anotações de Bradley cobrem as paredes, levantando uma série de questões sobre a natureza da realidade do personagem.
A página do jogo na plataforma Steam oferece mais detalhes sobre essa complexa narrativa. Em sua essência, “Bradley the Badger” é um plataformer de ação, mas com um diferencial crucial: o jogador possui “poderes de desenvolvedor de jogos”. Além disso, o enredo gira em torno de uma franquia amada que se torna autoconsciente, percebendo sua realidade fictícia e lutando para restaurar sua normalidade. A confirmação de que a história incluirá seções de live-action adiciona uma camada de grandiosidade à proposta.
O ator Evan Peters, conhecido por seu papel como Peter Maximoff nos filmes “X-Men”, interpreta a versão em live-action e empresta sua voz a Bradley. Este é o primeiro jogo da Day 4 Night Studios, uma equipe formada por ex-desenvolvedores de títulos AAA que trabalharam em jogos renomados como “GTA: San Andreas”, “Mario + Rabbids” e “Dead Alliance”. Christian Cantamessa, um dos co-criadores, descreve “Bradley the Badger” como “parte carta de amor aos videogames e parte sátira deles”, encapsulando a dualidade e a profundidade da obra.
O lançamento de “Bradley the Badger” está programado para 2026, inicialmente na plataforma Steam, mas a equipe de desenvolvimento já expressou a intenção de buscar lançamentos para consoles após sua notável aparição no The Game Awards. A expectativa é que o jogo ofereça uma experiência singular, misturando humor, metalinguagem e jogabilidade inovadora, prometendo cativar tanto os fãs de plataforma quanto aqueles que apreciam narrativas que questionam a própria natureza dos universos digitais.



