Sequência de jogo polêmico do SNES é removida do Steam

Sequência de jogo polêmico do SNES é removida do Steam

A plataforma Steam decidiu não lançar o jogo “Hong Kong 2097”, sucessor do notório título “Hong Kong 97”, removendo a página do produto de sua loja virtual. A decisão, anunciada pelos desenvolvedores, aponta para questões relacionadas a “conteúdo de terceiros” como o motivo principal para a recusa. Este novo capítulo na trajetória de um jogo com forte teor satírico e político adiciona mais um título à lista de remoções da Steam, um movimento que tem se tornado mais frequente devido a pressões externas sobre a plataforma. (via: thegamer)

Taylor Swift Travis Kelce Taco Hong Kong 2097

O veto de “Hong Kong 2097” não representa uma novidade isolada. Ao longo dos últimos tempos, a Steam tem enfrentado uma crescente pressão de grandes empresas de processamento de pagamentos, como Visa, Mastercard e PayPal. Essas companhias, buscando proteger suas marcas, teriam ameaçado retirar o suporte à plataforma caso jogos considerados de “risco para a marca” (brand risk) não fossem removidos. Como consequência, diversos títulos já foram retirados do catálogo da Steam, incluindo o jogo de terror independente “Horses” e o gacha game “Brown Dust 2”. A inclusão de “Hong Kong 2097” nessa lista sublinha a continuidade dessa política de moderação induzida por terceiros, e não por um desejo intrínseco da Valve, operadora da Steam, de intervir no conteúdo.

O aguardado “Hong Kong 2097” é uma sequência do controverso “Hong Kong 97”, um infame “bootleg” originalmente lançado para o Super Nintendo (SNES). Este título original era um “shoot-‘em-up” com um forte teor de comentário político sobre a iminente transição de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997. Ele também parodiava a indústria de jogos com elementos e imagens por vezes absurdos e ofensivos. Três décadas depois, o estúdio HappySoft retorna para dar continuidade a essa obra polêmica, mas esbarrou nas políticas da Valve. A sequência, em parte, é inspirada pelo aumento recente da censura na indústria de jogos, o que torna sua própria remoção uma ironia marcante.

A notícia do veto foi confirmada pela KaniPro Games, co-desenvolvedora do projeto. “A Steam recusou-se a publicar Hong Kong 2097 e retirou a página da loja,” escreveu a KaniPro Games em um comunicado. “A razão dada é conteúdo de terceiros, o que é tecnicamente verdade. É lamentável, mas eu sabia que havia uma chance de isso acontecer. O jogo NÃO está cancelado. Já estamos procurando por Itch, GOG e DLsite.” A equipe, portanto, já explora outras plataformas para o lançamento, garantindo que o desenvolvimento do jogo prossiga.

A provável razão para “Hong Kong 2097” ter enfrentado problemas com as leis de direitos autorais reside em seu caráter de sátira política, que apresenta representações de pessoas reais. Figuras como Donald Trump, Travis Kelce e Taylor Swift estariam presentes no jogo. A descrição original da página da loja, agora removida, ressaltava a natureza provocativa do jogo: “Em um mundo de censura crescente e algoritmos de redes sociais que esmagam nossa liberdade de pensamento, Hong Kong 2097 e seu desrespeito por tudo que é sagrado são um sopro de ar fresco.” O protagonista do jogo original, Chin – um parente de Bruce Lee –, retorna em 2097 com a missão de derrubar a nação fictícia de “Amurikkka”. A grafia com “K”s adicionais no nome da nação já sugere o tipo de conteúdo e o tom satírico e crítico que se pode esperar em “Hong Kong 2097”.

A saga de “Hong Kong 2097” ilustra as complexas dinâmicas entre criatividade artística, sátira política e as regulamentações impostas por plataformas e processadores de pagamento. O jogo, que ironicamente aborda a censura, acaba por ser vítima de um sistema que busca evitar riscos de marca e potenciais litígios, evidenciando os desafios enfrentados por desenvolvedores que buscam desafiar os limites do conteúdo convencional na indústria de jogos.

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