O aclamado título de ação e aventura histórica Assassin’s Creed 3, lançado em 2012, foi originalmente concebido como o capítulo final da popular franquia da Ubisoft, culminando com a morte de seu protagonista, Desmond Miles. No entanto, o sucesso estrondoso de jogos anteriores, como Assassin’s Creed Brotherhood e Assassin’s Creed Revelations, alterou drasticamente o rumo da série, que hoje conta com mais de uma dezena de jogos principais e spin-offs. (via: gamesradar)
Alex Hutchinson, diretor criativo de Assassin’s Creed 3 e, mais recentemente, líder do projeto Revenge of the Savage Planet, revelou esses planos iniciais em uma entrevista recente ao portal FRVR. Segundo ele, a ideia original da Ubisoft era que a saga Assassin’s Creed fosse uma trilogia. Este plano já estava em vigor antes mesmo de Hutchinson se juntar à equipe de desenvolvimento. “Eram os dois [primeiros jogos] como estavam e, então, um jogo focado em Desmond, e era isso”, descreveu o desenvolvedor.
A visão inicial para o terceiro jogo era audaciosa: seria inteiramente ambientado no presente, com Desmond Miles como o protagonista central, e marcaria o desfecho definitivo da franquia. Contudo, a realidade do sucesso comercial interveio nos planos criativos. “O problema com o sucesso é que ele se arrasta”, comentou Hutchinson. A Ubisoft, percebendo o enorme potencial da série após a recepção positiva dos primeiros Assassin’s Creed, decidiu inserir dois novos títulos entre o segundo e o terceiro jogo da linha principal, enquanto Assassin’s Creed 3 ainda estava em produção.
Os jogos que surgiram nesse intervalo foram Assassin’s Creed Brotherhood e Assassin’s Creed Revelations. Hutchinson recorda que Brotherhood, em particular, que inicialmente seria um conteúdo adicional (DLC) para Assassin’s Creed 2, acabou se transformando em um jogo completo devido à demanda e ao sucesso da saga. Com a adição desses dois títulos, a narrativa da série começou a ficar “muito pesada”, segundo Hutchinson, distanciando-se um pouco da base histórica pela qual a franquia era amplamente conhecida e apreciada pelos fãs.
Diante desse cenário, a equipe de Assassin’s Creed 3 percebeu a necessidade de “colocar as coisas de volta nos trilhos”, entregando aos jogadores aquilo que eles realmente buscavam: a essência histórica que impulsionou os dois primeiros jogos. Hutchinson enfatizou a importância de evitar que franquias se tornem excessivamente complexas ou herméticas, o que ele metaforicamente descreveu como “começar a desaparecer por seus próprios traseiros”.
Para ilustrar seu ponto, o diretor criativo citou o gênero de estratégia em tempo real (RTS), “antes do renascimento dos MOBAs”. Ele observou que, com o tempo, os jogos de RTS se tornaram “cada vez mais hardcore”, o que resultou na “perda contínua de sua audiência mainstream”. Hutchinson e sua equipe não queriam que o mesmo acontecesse com Assassin’s Creed, evitando a criação de uma comunidade de “nazistas da lore” que policiassem cada detalhe, exigindo um conhecimento profundo de cada evento ocorrido 17 anos antes na linha do tempo da série.
A filosofia por trás dessa abordagem é manter a acessibilidade. Segundo Hutchinson, em séries como Assassin’s Creed ou até mesmo Far Cry, “há sempre um ponto de entrada claro para todos, e você não sente que está perdendo tudo” ao começar um novo jogo sem ter jogado os anteriores. Foi exatamente por essa razão que a morte de Desmond Miles, presente em todos os títulos até seu falecimento em Assassin’s Creed 3, fez sentido para os desenvolvedores, mesmo que tenha causado certo alvoroço entre os fãs mais devotos.
No fim das contas, a decisão não se mostrou equivocada. Assassin’s Creed continua sendo uma das franquias mais reconhecidas e bem-sucedidas no universo dos videogames. A série mantém sua força e relevância, 18 anos após o lançamento de seu primeiro título, e segue apresentando novidades, como o lançamento de Assassin’s Creed Shadows este ano.



