A temporada de premiações no universo dos videogames, que tradicionalmente encerra o ano, tem sido palco de intensos debates sobre quais títulos merecem o cobiçado posto de Jogo do Ano. Enquanto produções como “Clair Obscur” dominaram grande parte das discussões e conquistaram o prêmio principal no The Game Awards, muitos outros lançamentos, aclamados pela crítica, também receberam reconhecimento. No entanto, alguns jogos, apesar do bom desempenho, não alcançaram a mesma visibilidade. (via: thegamer)
Um exemplo notável é “Ghost of Yotei”, um título lançado em 2025 que, apesar de ter angariado críticas elogiosas, não teve uma presença significativa nas conversas sobre os melhores do ano. Curiosamente, a própria estrela do jogo, Erika Ishii, conhecida por seu papel como Atsu, acabou ofuscando a própria criação ao escolher “Blue Prince” como seu Jogo do Ano, uma decisão anunciada durante o evento Golden Joysticks que gerou certa surpresa entre a comunidade de jogadores e seus fãs.
A escolha de Ishii chamou a atenção, especialmente considerando a paixão que a atriz demonstra por seu papel em “Ghost of Yotei”. No entanto, a justificativa para sua decisão foi esclarecida em uma entrevista, revelando uma perspectiva que faz sentido dentro da ética e do cenário da indústria de jogos. Em sua participação no episódio inaugural de “Character Select”, do portal Game Rant, conduzida por Naomi Kyle, Ishii foi questionada sobre o motivo de ter preterido “Ghost of Yotei” em favor de “Blue Prince”.
A atriz explicou que, quando uma pessoa é a “face” ou o principal expoente de um videogame, não é viável, sob o ponto de vista da credibilidade, eleger essa mesma obra como o Jogo do Ano. Essa consideração profissional foi um dos pilares de sua decisão. Segundo Ishii, sua intenção foi “ceder espaço” para um jogo menor no qual ela não tem envolvimento direto, reconhecendo o valor de produções que, muitas vezes, passam despercebidas em meio a títulos de grande porte.
Apesar de não ter selecionado “Ghost of Yotei” para a honraria máxima, Erika Ishii mantém um profundo carinho pelo projeto. Ela descreveu “Ghost of Yotei” como o “jogo da minha vida”, enfatizando o impacto pessoal e profissional que o título teve para ela. Essa declaração sublinha que sua escolha de “Blue Prince” não foi um demérito ao jogo que estrelou, mas sim uma homenagem ao ecossistema mais amplo da indústria.
Quanto aos motivos específicos para a escolha de “Blue Prince” em um ano que ela classificou como repleto de “jogos incríveis”, Ishii destacou que o título foi o que mais se aproximou de replicar a sensação e o “apelo” de “Return of the Obra Dinn”, um jogo conhecido por sua narrativa investigativa e inovadora. Para ela, “Blue Prince” representa a essência do porquê os jogos são criados. A atriz salientou a capacidade única do meio de contar histórias e evocar emoções que seriam impossíveis em qualquer outra forma de arte. “É por isso que fazemos jogos. Você não poderia contar essa história, fazer essas coisas ou se sentir assim em nenhum outro meio”, afirmou Erika Ishii.
Em um cenário onde grandes sucessos como “Clair Obscur” e “Hades 2” atraem a maior parte da atenção, a intenção de Ishii foi usar sua plataforma para iluminar “Blue Prince”, um jogo que, na sua percepção, é “um estouro” e que provavelmente não recebeu a visibilidade que merecia por parte de muitos jogadores. Embora “Ghost of Yotei” pudesse se beneficiar de um maior reconhecimento, a explicação de Erika Ishii revela um gesto significativo de sua paixão pela indústria dos videogames e pelo potencial narrativo inerente a este meio. Sua decisão demonstra um apreço genuíno pela diversidade e inovação presentes no cenário atual de desenvolvimento de jogos, além de um desejo de destacar títulos que contribuem de forma única para a experiência interativa.


