A comunidade global de jogos eletrônicos foi surpreendida por uma reviravolta sem precedentes no cenário de premiações independentes. O jogo “Clair Obscur: Expedition 33”, amplamente celebrado e detentor de múltiplos troféus no prestigiado Indie Game Of The Year Awards – incluindo a distinção máxima de “Jogo do Ano” –, teve seus reconhecimentos sumariamente revogados. A decisão veio à tona poucas horas após a cerimônia de premiação, desencadeando um debate intenso. O motivo da anulação foi a alegada utilização de inteligência artificial (IA) em seu processo de desenvolvimento, uma prática que contraria as diretrizes do evento. (via: thegamer)
A reação do público e da indústria foi, como esperado, bastante forte. Fãs que acompanhavam a trajetória do game e celebravam sua vitória expressaram profunda decepção com a notícia. A controvérsia obrigou a organização do Indie Game Awards a emitir um posicionamento claro, reforçando sua “postura rigorosa em relação ao uso de IA generativa ao longo de todo o processo de nomeação e durante a própria cerimônia”. Em meio a esta reviravolta, o cobiçado título de Jogo do Ano acabou sendo concedido ao jogo “Blue Prince”.
Diante do turbilhão de informações e da crescente discussão sobre a integridade do uso de IA na criação de jogos, a Raw Fury, editora responsável por “Blue Prince”, agiu prontamente. A empresa divulgou um comunicado oficial buscando dissipar quaisquer especulações e reforçar a legitimidade de seu título recém-premiado. O objetivo era clarificar que nenhuma tecnologia de inteligência artificial foi empregada durante o desenvolvimento do game que agora ostenta a maior honraria do evento.
A declaração da Raw Fury foi categórica. “Para as pessoas que precisam de confirmação: nenhuma IA foi utilizada em Blue Prince”, afirmou a editora. O comunicado prosseguiu detalhando o processo criativo por trás do jogo, salientando que ele “foi construído e trabalhado com total instinto humano por Tonda Ros [Dogubomb] e sua equipe”. Além disso, a empresa ressaltou que o game “é o resultado de oito anos de desenvolvimento, alimentado pela imaginação e criatividade, e estamos extremamente orgulhosos do que Tonda alcançou”. Esta explanação buscou não apenas defender a idoneidade de “Blue Prince”, mas também valorizar o esforço criativo humano em um momento crucial para o debate da IA na arte digital.
O comitê organizador do Indie Game Awards, ciente da magnitude da controvérsia, disponibilizou uma seção de Perguntas Frequentes (FAQ) em seu site, aprofundando os detalhes sobre a nomeação inicial de “Clair Obscur” e as razões que levaram à sua subsequente desqualificação. Segundo a explicação oficial, no momento da submissão do jogo para avaliação, um representante da Sandfall Interactive havia concordado formalmente com os termos do prêmio, atestando que nenhuma inteligência artificial generativa fora utilizada no desenvolvimento de “Clair Obscur: Expedition 33”. Tal compromisso é um requisito fundamental para a elegibilidade aos prêmios.
No entanto, essa condição foi violada. A revogação dos prêmios se tornou inevitável “à luz da Sandfall Interactive confirmar o uso de arte gerada por IA na produção no dia da estreia do Indie Game Awards 2025”. Este reconhecimento, feito no dia da cerimônia, foi o ponto de inflexão que levou à desqualificação. Mesmo com a informação de que os ativos questionáveis foram posteriormente removidos do jogo por meio de uma atualização, e apesar do reconhecimento de que “Clair Obscur” continua sendo um “título maravilhoso”, a infração às regras era incontestável. Em consequência, o comitê de nomeação do IGA decidiu formalmente retirar tanto o prêmio de Jogo de Estreia quanto o de Jogo do Ano, estabelecendo um precedente importante sobre a fronteira entre a inovação tecnológica e a integridade artística no universo dos jogos independentes.



