Capcom não relança clássicos de Resident Evil, pois remakes são “superiores”

Capcom não relança clássicos de Resident Evil, pois remakes são “superiores”

O universo dos jogos eletrônicos é constantemente renovado com títulos modernos e gráficos de última geração, mas há uma parcela significativa da comunidade que mantém um carinho especial pelos clássicos. A trilogia original de Resident Evil, lançada na era do PlayStation 1, exemplifica bem essa nostalgia. Marcada por seus controles de “tanque”, cenários pré-renderizados e uma atmosfera de horror de sobrevivência particular, essa série continua a ser revisitada por muitos entusiastas. No entanto, a própria desenvolvedora, Capcom, inicialmente não parecia enxergar o valor em suas versões antigas, especialmente diante do sucesso de seus modernos remakes. (via: gamesradar)

Essa percepção da Capcom foi um dos principais desafios enfrentados pela GOG (Good Old Games), uma plataforma digital conhecida por sua dedicação à preservação e relançamento de jogos clássicos para PC. A GOG havia abordado a Capcom com a proposta de reeditar as versões clássicas para computador de Resident Evil 1, 2 e 3. Marcin Paczynski, gerente sênior de desenvolvimento de negócios da GOG e um dos líderes do projeto, revelou em entrevista que convencer a Capcom sobre a relevância desses títulos antigos foi uma tarefa árdua.

A argumentação principal da Capcom, conforme relatado por Paczynski, era que os remakes já ofereciam uma “experiência superior” e, portanto, as versões originais, não teriam mais valor no mercado. Essa visão, que prioriza a modernização e aprimoramento técnico, muitas vezes ignora o apelo intrínseco e histórico dos jogos que iniciaram essas franquias de sucesso.

Contudo, Paczynski e sua equipe na GOG tinham uma perspectiva diferente. Embora reconheçam a qualidade e as expansões que os remakes trouxeram – o remake de Resident Evil 2, por exemplo, é amplamente aclamado pela crítica e pelo público –, eles argumentam que essas novas versões são mais um complemento do que um substituto definitivo para os originais. Para muitos fãs, a experiência clássica não se torna obsoleta; ela permanece como uma obra de arte em si, com suas características únicas que definiram um gênero e cativaram gerações de jogadores.

A GOG dedicou-se a transmitir à Capcom a ideia de que existe uma audiência considerável que guarda profundas memórias afetivas com esses jogos e que anseia por reviver exatamente a mesma experiência de décadas passãs. Tratava-se de um apelo à nostalgia e à importância cultural dos títulos originais, que são fundamentais para a história dos videogames. Após um extenso período de negociações e argumentações, a equipe da GOG conseguiu convencer a desenvolvedora japonesa. A Capcom, demonstrando confiança na plataforma, aceitou o projeto de relançar as versões clássicas de uma de suas maiores, senão a maior, propriedade intelectual.

O esforço da GOG foi recompensado com uma recepção “absolutamente fenomenal”, de acordo com Paczynski. As reedições dos jogos clássicos de Resident Evil na GOG alcançaram uma taxa de 94% de avaliações positivas por parte dos usuários. Esse sucesso notável não se restringiu à crítica e à satisfação dos jogadores; ele também se refletiu diretamente nas vendas, superando as expectativas iniciais.

Esse desfecho demonstrou de forma contundente que, independentemente da existência de remakes modernos, as versões clássicas de jogos icônicos ainda possuem um valor significativo e um mercado consumidor robusto. A experiência original, tal como a conhecemos da infância ou adolescência, continua a ter um apelo duradouro. O projeto da GOG e o sucesso de Resident Evil no relançamento servem como um lembrete importante para a indústria de que a preservação de jogos antigos e a escuta ativa da comunidade de fãs são estratégias que podem gerar resultados expressivos, celebrando tanto o legado quanto as inovações do mundo dos videogames.

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