A aguardada colaboração entre os universos de Monster Hunter Wilds da Capcom e Final Fantasy XIV da Square Enix está prestes a se concretizar, com a chegada de conteúdo temático em ambos os jogos. As atividades e itens especiais serão lançadas em 29 de setembro para Monster Hunter Wilds e em 7 de outubro para Final Fantasy XIV. Esta marca a segunda vez que as duas gigantes japonesas unem forças, seguindo um evento de sucesso entre Monster Hunter World e Final Fantasy XIV. (via: videogameschronicle)
A relação moderna entre Capcom e Square Enix teve um início inusitado, segundo Ryozo Tsujimoto, produtor de Monster Hunter Wilds. Ele relata um encontro casual em um bar com Naoki Yoshida, produtor de Final Fantasy XIV, que na ocasião jogava Monster Hunter em um PSP. A afinidade entre as equipes de desenvolvimento é notável, com muitos membros de um lado sendo fãs e jogadores do título do outro. A mais recente colaboração, por sua vez, foi acordada durante um jantar na Gamescom do ano passado, trazendo elementos de Monster Hunter Wilds para Final Fantasy XIV e vice-versa. Detalhes completos sobre o conteúdo podem ser encontrados nos sites oficiais de ambos os jogos.
Recentemente, a VGC participou de uma coletiva de imprensa na Tokyo Game Show, onde Tsujimoto e Yuya Tokuda, diretor de Monster Hunter Wilds, junto a Naoki Yoshida, produtor e diretor de Final Fantasy XIV, compartilharam informações sobre o projeto. Questionado sobre como a colaboração se encaixa no objetivo de Final Fantasy XIV de satisfazer tanto jogadores casuais quanto hardcore, Yoshida explicou que o jogo oferece conteúdo para todos os níveis. Para essa nova parceria com Monster Hunter, há uma vasta gama de recompensas e diversas dificuldades, permitindo que os jogadores escolham o nível que lhes seja mais confortável. Yoshida salientou ainda que, diferentemente da colaboração com Monster Hunter World, esta nova incursão terá uma “sensação mais de XIV”, mesmo com batalhas intensas, para que os jogadores se sintam em casa.
Quando perguntado sobre a dificuldade de implementar elementos de Final Fantasy XIV em Monster Hunter Wilds, considerando as diferenças de gênero (RPG contra jogo de ação), Tsujimoto afirmou que foi um “desafio divertido”, não difícil. Ele revelou que muitos desenvolvedores de Monster Hunter são fãs de Final Fantasy XIV e se autodenominam “Guerreiros da Luz”. Essa paixão mútua fomentou a criatividade, permitindo a criação de elementos que não seriam possíveis em Monster Hunter sem a influência de Final Fantasy XIV. Tsujimoto expressou a certeza de que os resultados agradarão aos jogadores, pois a equipe de desenvolvimento se divertiu muito durante os testes.
A respeito do volume de trabalho e do tempo de desenvolvimento, Tsujimoto comentou sobre sua longa relação de respeito com Yoshida, que remonta a 10 ou 15 anos. A primeira colaboração foi uma abordagem “casual” para ver o que poderiam fazer juntos. A ideia para esta segunda parceria surgiu durante um jantar na Gamescom, na Alemanha, no ano passado, antes mesmo do anúncio de Monster Hunter Wilds. A decisão final foi tomada no mês seguinte, em Tóquio.
Yoshida complementou, lembrando que Tsujimoto ofereceu apoio durante a reconstrução de Final Fantasy XIV no passado, uma ajuda fundamental para a existência do jogo hoje. Sobre a reutilização de assets, ele confirmou que apenas uma poção foi reaproveitada, sendo todo o restante do conteúdo criado do zero, garantindo uma experiência completamente nova em relação à colaboração anterior. O desenvolvimento principal, iniciado após o lançamento de Monster Hunter Wilds — para que a equipe de Final Fantasy XIV pudesse jogar o título — durou menos de um ano, mas contou com muitas pessoas envolvidas, resultando em um grande volume de conteúdo. A equipe de Monster Hunter inclusive permitiu que a equipe de Final Fantasy XIV jogasse uma versão pré-lançamento em Osaka, demonstrando o entusiasmo mútuo.
Ambas as equipes aprenderam muito com as colaborações. Tokuda, diretor de Monster Hunter Wilds, destacou que a primeira parceria com Final Fantasy XIV introduziu elementos centrais de RPG em Monster Hunter, como o gerenciamento de “agro” para tanques e a existência de diferentes papéis de combate (DPS). Mecânicas de chefe, como ataques de área que exigem timing para serem evitados, também foram novidades que serviram como um “espaço seguro” para testes. Essas inovações foram bem recebidas pelos jogadores e foram posteriormente incorporadas a outros monstros de Monster Hunter.
Do lado de Final Fantasy XIV, Yoshida admitiu que a primeira colaboração tentou recriar a sensação de Monster Hunter de forma mais literal, mas não alcançou a perfeição desejada. Para esta segunda parceria, a abordagem foi diferente: em vez de tentar replicar Monster Hunter diretamente, a equipe decidiu que o novo conteúdo deveria ter a “sensação mais de XIV possível”. O objetivo é apresentar a rica lore de Monster Hunter aos jogadores de Final Fantasy XIV de maneira orgânica, seja através de itens de moradia, equipamentos ou batalhas, mantendo a identidade do RPG.
A paixão compartilhada pelas duas equipes de desenvolvimento é um dos principais elementos em comum que tornou a colaboração possível, segundo Yoshida. Ele enfatizou que essa paixão facilita muito o trabalho dos produtores, garantindo dedicação total ao projeto, independentemente dos custos e do tempo investido. Tsujimoto acrescentou que o respeito mútuo pelo conteúdo um do outro foi crucial. A intenção não era usar o material alheio como mera “decoração”, mas sim criar uma experiência de jogo única e interessante, garantindo que o conteúdo de ambas as franquias fosse bem integrado e divertido para os jogadores de ambos os títulos.
Essa profunda conexão se reflete na admiração mútua. Tokuda elogiou a maneira como Yoshida e a equipe de Final Fantasy XIV tratam seus fãs, algo sempre presente na criação de conteúdo. Ele citou o personagem Omega, um elemento querido da lore de Final Fantasy XIV, que foi implementado em Monster Hunter com o máximo respeito, fruto da confiança desenvolvida ao longo dos anos. Yoshida, por sua vez, manifestou grande respeito pela equipe de Monster Hunter, destacando a paixão e o esforço que dedicam a pegar o conteúdo de Final Fantasy XIV, desenvolver ideias inovadoras e apresentá-las da melhor forma aos fãs. Tsujimoto concluiu que a compatibilidade entre as equipes foi o fator determinante para a realização da colaboração, especialmente considerando o curto prazo, evidenciando um nível de comunicação e uma abordagem de desenvolvimento que se encaixaram perfeitamente entre Capcom e Square Enix.
