Halo, uma das franquias de videogame que por muito tempo foi a principal exclusividade do Xbox e estrela do lançamento do primeiro console da Microsoft, finalmente fará sua transição para outras plataformas. A Microsoft anunciou que “Halo: Campaign Evolved”, um remake da campanha do jogo original, será lançado no PlayStation 5 no mesmo dia de sua estreia. (via: ign)
Programado para 2026, o título desenvolvido na Unreal Engine 5 chegará simultaneamente ao PC, Xbox Series X e S, e, notavelmente, ao PS5. Este lançamento marca a primeira vez que um jogo inédito da saga Halo é disponibilizado desde “Halo Infinite”, de 2021, e a primeira aparição da franquia em um console PlayStation. A IGN, que teve acesso ao jogo, revelou detalhes iniciais, incluindo a adição de um novo arco de história prequel composto por três missões. Para a alegria dos fãs, o jogo contará com crossplay, permitindo que jogadores de Xbox, PC e PlayStation experimentem o modo cooperativo de Halo juntos pela primeira vez.
O lançamento de “Halo: Campaign Evolved” no PlayStation é visto como um passo definitivo no encerramento da era de exclusividade da franquia para o Xbox. Contudo, essa mudança não surpreende a indústria de jogos. A Xbox Game Studios já se estabeleceu como uma das editoras mais prolíficas e bem-sucedidas no PlayStation. Além disso, a presidente do Xbox, Sarah Bond, recentemente descreveu a ideia de jogos exclusivos como “antiquada”, sinalizando claramente a direção estratégica da Microsoft.
A motivação por trás da expansão multiplataforma da Microsoft parece estar intrinsecamente ligada a ambiciosos objetivos financeiros. Uma reportagem recente da Bloomberg indicou que a Microsoft estaria exercendo pressão sobre os estúdios Xbox para alcançarem uma margem de lucro de 30%, um percentual consideravelmente superior à média da indústria de videogames. Uma das principais estratégias para os estúdios contribuírem para esse aumento de receita é justamente lançar seus jogos em plataformas concorrentes, como PlayStation, Nintendo Switch e PC.
Essa perspectiva é endossada por figuras influentes da indústria. Shawn Layden, ex-presidente e CEO da Sony Interactive Entertainment America, afirmou no ano passado que, quando os custos de desenvolvimento de um videogame excedem 200 milhões de dólares, a exclusividade se torna o “calcanhar de Aquiles” da produção. Em entrevista à GamesBeat, Layden argumentou que a exclusividade “reduz o mercado endereçável” de um jogo. Ele citou o sucesso explosivo de “Helldivers 2”, da Arrowhead, que foi lançado simultaneamente no PlayStation 5 e PC, como um exemplo da eficácia da estratégia multiplataforma.
Layden detalhou que, especialmente no universo dos jogos como serviço ou free-to-play, ter outra plataforma “abre o funil”, atraindo um número maior de jogadores. Ele explicou que, embora 95% dos jogadores de free-to-play nunca gastem um centavo, o modelo de negócios se baseia na conversão, e “melhorar as chances” de sucesso passa por “abrir o funil” de acesso ao jogo. Para jogos single-player, embora a exigência não seja idêntica, Layden defende que, ao investir 250 milhões de dólares, o objetivo é “vender para o maior número possível de pessoas, mesmo que seja apenas 10% a mais”.
Os comentários de Layden ressoam com as sugestões de Peter Moore, ex-chefe do Xbox. Em uma entrevista recente ao IGN, Moore indicou que a Microsoft estaria debatendo internamente a possibilidade de lançar Halo, seu principal título, no PlayStation. Moore ponderou a questão financeira: “Se a Microsoft diz, espere, estamos faturando 250 milhões de dólares em nossas próprias plataformas, mas se então levarmos Halo como, digamos, um third-party, poderíamos faturar um bilhão… Você precisa pensar muito sobre isso, certo?”. Ele adicionou que Halo “é um pedaço de propriedade intelectual, é maior do que apenas um jogo. E como você alavanca isso? Essas são as conversas que sempre acontecem sobre como alavancar em tudo o que faríamos”.
A postura da Microsoft em relação à exclusividade tornou-se um dos tópicos mais debatidos na comunidade Xbox, e a discussão tende a se intensificar agora que Halo chega ao PlayStation. Essa abordagem contrasta fortemente com a de concorrentes como a Nintendo e, em certa medida, a Sony. A Nintendo mantém a política mais rígida, lançando seus jogos exclusivamente em seus próprios consoles. A Sony, por outro lado, flexibilizou sua estratégia nos últimos anos, disponibilizando a maior parte de seus títulos para PC após o lançamento no PlayStation – e, no caso de “Helldivers 2”, eventualmente no Xbox. Contudo, a Sony ainda se recusa a lançar seus grandes jogos single-player em qualquer plataforma que não seja o PlayStation no dia do lançamento, sendo o mais recente exemplo “Ghost of Yotei”, da Sucker Punch.



