Clair Obscur Expedition 33 terá tudo feito por humanos, diz diretor

Clair Obscur Expedition 33 terá tudo feito por humanos, diz diretor

Clair Obscur: Expedition 33”, um RPG desenvolvido pela Sandfall Interactive, emergiu no cenário dos games em abril deste ano, conquistando aclamação da crítica e uma série de prêmios de prestígio. No entanto, o brilho de seu sucesso foi ofuscado por uma controvérsia envolvendo o uso de tecnologia de inteligência artificial generativa. A polêmica levou à revogação de importantes reconhecimentos, incluindo os prêmios de Jogo do Ano e Melhor Jogo de Estreia no Indie Game Awards, acendendo um debate acalorado na indústria sobre as fronteiras da inovação e da autoria. (via: thegamer)

Monoco wearing the Baguette outfit in Clair Obscur: Expedition 33.

O jogo não apenas foi bem recebido, mas também se destacou em diversas cerimônias. A produção da Sandfall Interactive dominou premiações como o The Golden Joysticks e o The Game Awards, onde foi celebrado por sua qualidade e originalidade. Além disso, “Clair Obscur: Expedition 33” foi eleito Jogo do Ano pelo portal TheGamer, consolidando sua posição entre os grandes lançamentos do ano. Contudo, a revelação sobre a IA generativa dividiu profundamente a comunidade gamer: enquanto alguns defenderam a obra por sua qualidade artística e narrativa, outros rapidamente lamentaram a decisão dos desenvolvedores, reacendendo discussões sobre ética e a definição de “criação humana” no desenvolvimento de jogos.

Pela primeira vez desde o início da controvérsia, Guillaume Broche, diretor de “Clair Obscur: Expedition 33”, decidiu se manifestar publicamente sobre o assunto. Em suas declarações, Broche assegurou que todo o conteúdo presente na versão final do jogo é “feito por humanos” e que a experimentação inicial com a tecnologia de IA “pareceu errado” para a equipe de desenvolvimento, levando-os a abandonar o recurso. A fala do diretor buscou esclarecer a posição do estúdio e dissipar as dúvidas que pairavam sobre o processo de criação da aclamada obra.

As declarações de Broche foram feitas durante uma sessão de perguntas e respostas promovida pela Kepler Interactive, e posteriormente transcritas e divulgadas pelo YouTuber Sushi. Nela, o diretor da Sandfall Interactive abordou os questionamentos e sentimentos do estúdio em relação às recentes polêmicas e à inteligência artificial de forma mais ampla. Broche admitiu que a equipe estava ciente da repercussão gerada pelo uso da tecnologia. Ele explicou que, quando as primeiras ferramentas de IA generativa surgiram em 2022, o desenvolvimento de “Clair Obscur: Expedition 33” já havia começado.

“Era apenas uma nova ferramenta; nós a experimentamos e não gostamos de forma alguma. Pareceu errado”, afirmou Broche. Ele detalhou que a inteligência artificial foi utilizada inicialmente apenas como um “placeholder” para texturas que estavam faltando no projeto. No entanto, assim que encontraram alternativas criadas por humanos para essas lacunas, o material gerado por inteligência artificial foi imediatamente removido do jogo. O diretor reiterou enfaticamente que “a arte conceitual, os dubladores, tudo é feito por humanos”, sublinhando o compromisso da equipe com o trabalho artesanal.

A inteligência artificial transformou-se em um tema central e frequentemente debatido na indústria de jogos ao longo do último ano. Enquanto alguns dos mais proeminentes desenvolvedores globais, como Larian Studios (conhecido por “Baldur’s Gate 3”), CD Projekt Red (responsável por “Cyberpunk 2077” e “The Witcher”) e Epic Games (criadora de “Fortnite” e da Unreal Engine), têm se mostrado abertos ou até favoráveis à integração da tecnologia em seus processos de produção, Broche demonstra uma visão mais cautelosa e uma postura firme em relação à Sandfall Interactive.

Apesar da incerteza sobre o futuro da indústria de games como um todo em relação à IA, Broche expressou confiança na direção que sua própria empresa pretende seguir. “É muito difícil prever como será o futuro, mas tudo em nossos jogos será feito por humanos”, declarou o diretor. Essa postura reforça o compromisso da Sandfall Interactive com a criação artesanal e a valorização do trabalho humano em cada aspecto de seus projetos, desde a concepção artística até a performance dos atores de voz.

Parte significativa do sucesso de “Clair Obscur: Expedition 33” pode ser atribuída à sua “sensação humana” e à capacidade do estúdio de criar o jogo que desejavam sem a pressão ou a intervenção de uma grande corporação. Essa independência, segundo o que é inferido da declaração, permite à Sandfall Interactive contornar o uso de IA no futuro, diferenciando-se de empresas maiores que podem estar mais inclinadas a adotar a tecnologia para otimização de custos ou escala. Enquanto as grandes companhias podem impulsionar o avanço da IA na produção de jogos, estúdios menores, como a Sandfall Interactive, teriam a liberdade de evitar seu uso, mantendo uma abordagem mais tradicional e focada no talento humano como pilar de suas criações.

Ofertas

1