O Indie Game Awards (IGA) anunciou a retirada de dois prêmios importantes concedidos anteriormente a “Clair Obscur: Expedition 33”, desenvolvido pela Sandfall Interactive. A decisão, divulgada após a confirmação do uso de inteligência artificial generativa na produção do jogo, contraria um compromisso assumido pela desenvolvedora durante o processo de nomeação. (via: eurogamer)
De acordo com o comitê de nomeações do IGA, a organização mantém uma “postura rigorosa” em relação ao uso de IA generativa, tanto durante o processo de indicação quanto na cerimônia de premiação. Ao submeter “Clair Obscur: Expedition 33” para avaliação, um representante da Sandfall Interactive havia concordado que nenhuma IA generativa seria empregada no desenvolvimento do título. No entanto, a confirmação de que arte gerada por IA foi utilizada na produção veio à tona no próprio dia da estreia do Indie Game Awards 2025, em 20 de dezembro de 2025. Essa revelação, segundo o IGA, desqualificou automaticamente o jogo de sua nomeação.
Em um vídeo e comunicado publicados no site oficial do Indie Game Awards, a equipe responsável pela premiação reafirmou que, embora os elementos em questão tenham sido corrigidos e o jogo continue sendo “maravilhoso”, o uso de IA violava claramente as regulamentações estabelecidas. Como consequência, o Comitê de Nomeações do IGA decidiu oficialmente retirar os prêmios de “Debut Game” (Jogo de Estreia) e “Game of the Year” (Jogo do Ano), além de um dos prêmios “Indie Vanguard”, que haviam sido entregues a “Clair Obscur: Expedition 33”.
Os prêmios serão agora reatribuídos aos próximos jogos mais bem classificados em cada categoria. O prêmio de “Debut Game” passará para “Sorry We’re Closed”, enquanto “Blue Prince” receberá o cobiçado título de “Game of the Year”. Os discursos de aceitação dos novos vencedores serão gravados e divulgados no ano novo.
O Indie Game Awards não forneceu detalhes específicos sobre quais imagens ou elementos visuais foram gerados por IA. Contudo, a comunidade de fãs e jogadores especula ter identificado alguns exemplos, que supostamente já foram removidos do jogo por meio de atualizações. Apesar da controvérsia, os organizadores do prêmio reiteraram que, mesmo com a violação das regras, o jogo em si é considerado um trabalho de grande qualidade.
A decisão representa um revés para “Clair Obscur: Expedition 33”, que vinha desfrutando de um ano de grande sucesso e reconhecimento. Após seu lançamento em abril, o jogo foi amplamente aclamado pela crítica e obteve vendas expressivas. Em maio, a desenvolvedora revelou que o título havia ultrapassado a marca de 3,3 milhões de cópias vendidas. Em outubro, esse número foi atualizado para mais de 5 milhões de cópias comercializadas em todo o mundo, em todas as plataformas disponíveis.
O êxito de “Clair Obscur: Expedition 33” havia, inclusive, sido objeto de reconhecimento público de alto nível. O presidente francês Emmanuel Macron havia, à época, afirmado que a vitória do jogo na categoria “Game of the Year” era motivo de “grande orgulho para Montpellier e para a França”, ressaltando a importância do título para a indústria de jogos do país. Agora, com a retratação dos prêmios, a situação ganha um novo contorno, destacando a crescente discussão sobre as fronteiras éticas e regulatórias da inteligência artificial no desenvolvimento de jogos e em outras áreas criativas.



