Criador de Silent Hill quer deixar Maine e explorar o mundo

Criador de Silent Hill quer deixar Maine e explorar o mundo

A franquia Silent Hill, conhecida por sua atmosfera de terror psicológico, alcançou um novo patamar com o lançamento de Silent Hill f. O jogo representou uma significativa mudança na ambientação da série, que tradicionalmente explorava as ruas nebulosas da fictícia cidade de Maine, nos Estados Unidos. Silent Hill f, por sua vez, transportou os jogadores para os becos estreitos e sinistros da também fictícia cidade japonesa de Ebisugaoka. Essa transição demonstrou que o horror psicológico característico da série não está restrito a uma localização física específica, abrindo novas portas para sua expansão temática e geográfica. (via: thegamer)

The protagonist looking at a creature stabbing the door of a house in Silent Hill f.

Essa percepção é um sentimento que o produtor-chefe Motoi Okamoto deseja levar adiante. Em uma entrevista concedida à Inverse, traduzida do japonês para o inglês, Okamoto expressou a visão de que a série poderia explorar abordagens semelhantes em outras culturas ao redor do globo. “Acreditamos que poderíamos, talvez, adotar abordagens parecidas com outras culturas pelo mundo”, afirmou Okamoto. Ele exemplificou: “Por exemplo, na América Central ou do Sul, poderíamos talvez explorar as crenças mais locais e xamânicas e ver como isso se conecta. Mas também poderíamos tentar expandir nossos horizontes e buscar outras regiões, como possivelmente a Rússia, a Itália ou a Coreia do Sul, porque todas essas áreas possuem seus próprios sistemas de crenças únicos. Acredito que isso será uma porta de entrada para expandirmos ainda mais nossos conceitos.”

A proposta de Okamoto sugere um futuro onde a Konami, editora da franquia, buscaria desenvolvedores nativos para garantir a autenticidade e a justiça cultural na representação de seus respectivos países. A ideia central é mergulhar em um rico mosaico de folclore global, que poderia incluir, por exemplo, mitos celtas antigos para uma versão britânica, ou as já mencionadas crenças xamânicas da América Latina. O objetivo é utilizar esses elementos culturais para aprofundar a imersão e a originalidade de cada nova iteração da série, reforçando a identidade de cada ambientação.

No entanto, Okamoto também apontou uma questão prática importante relacionada à sua visão de expansão global. “Existe um problema: a América Central e do Sul não possuem muitos estúdios de desenvolvimento de videogames proeminentes capazes de lidar com uma propriedade intelectual como Silent Hill”, explicou o produtor. Ele reconheceu o vasto potencial cultural dessas regiões, mencionando a riqueza de filmes, livros e contos interessantes que poderiam inspirar os jogos. Contudo, a forma como essa riqueza cultural seria traduzida de maneira eficaz para o formato de um videogame de grande porte, mantendo a qualidade e a atmosfera esperadas, ainda é algo a ser explorado e definido pela equipe.

O sucesso duradouro de Silent Hill f oferece à Konami um caminho claro para o futuro da franquia. Ao demonstrar a viabilidade de explorar novas ambientações e culturas, o jogo pavimenta uma rota para manter a série sempre renovada, algo com o qual a editora enfrentou dificuldades nos anos 2000, quando as narrativas frequentemente giravam em torno da mesma cidade e conceitos já explorados. A diversificação geográfica e cultural surge, portanto, como uma estratégia para revigorar o interesse e a criatividade em torno de Silent Hill, evitando a estagnação temática.

É importante ressaltar que, por enquanto, essas são principalmente ideias e direções conceituais para o futuro da franquia. O público ainda não tem informações concretas sobre quais serão os próximos passos, além de dois projetos já anunciados: o remake do primeiro Silent Hill, que está sendo desenvolvido pela Bloober Team, e a vindoura antologia intitulada Townfall, a cargo da Screen Burn. Apesar disso, a perspectiva de ver uma variedade de culturas exploradas através da lente do terror psicológico é intrigante e promissora, sugerindo um horizonte vasto e inovador para o universo de Silent Hill, que pode alcançar públicos e narrativas ainda não exploradas.

Ofertas

1