Criadores de Dispatch temiam fim da parceria com Aaron Paul

Criadores de Dispatch temiam fim da parceria com Aaron Paul

A intensidade do trabalho do ator Aaron Paul no jogo “Dispatch” foi tão exaustiva que os principais criadores do título, o diretor de narrativa Pierre Shorette e o diretor de jogo Nick Herman, acreditam que ele não teria aceitado o papel se soubesse a real dimensão do compromisso. Paul interpreta o personagem central, Robert, protagonista da trama, e sua presença vocal é constante ao longo de toda a experiência, o que exigiu um empenho considerável. (via: eurogamer)

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“Foi extenuante”, revelou Shorette em entrevista recente, descrevendo o processo como uma “tortura por gotejamento”, onde as demandas chegavam de forma esporádica, mas incessante. A equipe temia que o ator nunca mais quisesse trabalhar com eles devido à prolongada natureza do projeto. “Ligar para ele depois de oito semanas sem contato, dizendo ‘Precisamos de você por quatro horas’, soava como um ‘Droga, pensei que tinha terminado com isso'”, explicou Shorette. Ele detalhou que o trabalho se estendeu por dois anos, com o ator sendo continuamente chamado de volta, uma vez que sua voz permeia “basicamente o jogo inteiro”.

Nick Herman complementou a perspectiva de Shorette, afirmando categoricamente que “se ele soubesse o que isso seria, não teria feito”. Shorette concordou, reforçando: “Ele teria dito não com certeza. Com certeza.”

A escolha de Aaron Paul para o papel de Robert não foi a primeira opção da AdHoc, o estúdio responsável por “Dispatch”. Inicialmente, discutiu-se a possibilidade de Rahul Kohli assumir o personagem. Contudo, uma diretora de elenco, que mantinha um excelente relacionamento com Aaron Paul, apresentou o roteiro ao ator. “Ele respondeu ao roteiro, estava sentindo a história”, comentou Shorette. Paul, conhecido por seu trabalho na aclamada série animada “BoJack Horseman” – uma comédia sombria com similaridades tonais a “Dispatch” – demonstrou afinidade com esse aspecto do jogo. Shorette expressou gratidão pela escolha final, admitindo que “não sei o que seria disso sem ele neste momento”.

Mais recentemente, por volta do lançamento de “Dispatch” em outubro/novembro, Shorette teve uma conversa pessoal com Aaron Paul. O diretor de narrativa confidenciou ao ator que se sentia “vazio”, questionando se Paul, apesar de sua fama e sucesso, já havia experimentado sentimentos semelhantes. Paul respondeu prontamente com uma ligação, um gesto que Shorette descreveu como um “movimento de irmão mais velho muito legal”.

Durante essa conversa, Aaron Paul compartilhou uma experiência que o surpreendeu: ele havia sido abordado por fãs em Paris, França, onde reside atualmente, segundo Shorette. Essas pessoas, que já haviam jogado “Dispatch”, elogiaram seu trabalho no jogo. Shorette relatou que Paul foi abordado “algumas vezes nas ruas de Paris”. Normalmente, as interações de Paul com fãs nas ruas se referem a “Breaking Bad”, com alguns chegando a chamá-lo de “bitch”, uma referência icônica de seu personagem Jesse Pinkman. No entanto, dessa vez, os fãs o saudavam dizendo: “Adoramos você em Dispatch”. Paul ficou chocado com o alcance do jogo na França e com o seu “estouro”.

Nick Herman destacou a singularidade dessa experiência para o ator. “Pense em há quanto tempo ele está no zeitgeist”, ponderou Herman. “As pessoas só o procuram por ‘Breaking Bad’. Para alguém se aproximar e dizer: ‘Ei, este videogame que está saindo agora: eu amo você nele’ – isso simplesmente não acontece com ele.” Vale ressaltar que é apenas a voz de Aaron Paul no jogo, ainda que muito reconhecível, sem sua semelhança digital ou captura de performance. Herman concluiu que foi nesse momento que o ator percebeu a dimensão do sucesso do jogo: “Foi quando a ficha caiu para ele, tipo, ah, isso é real. Isso é algo que estourou.”

As ramificações desse reconhecimento – com Aaron Paul sendo elogiado nas ruas de Paris por seu trabalho em “Dispatch” – são significativas. Há uma probabilidade muito maior de o ator aceitar participar de uma possível “Temporada 2” do jogo. Herman brincou, com um sorriso, que “provavelmente, sendo realistas, precisava acontecer o que aconteceu para que ele se interessasse em fazer de novo”.

“Dispatch” representou um sucesso definidor para o estúdio AdHoc, que enfrentou anos de dificuldades para conseguir que o jogo fosse assinado e lançado. A parceria com o mega-grupo de role-play, Critical Role – que se tornou uma marca de jogos – abriu caminho para o projeto. O jogo rapidamente conquistou uma audiência e alcançou a marca de 2 milhões de vendas. Agora, a AdHoc precisa decidir os próximos passos para “Dispatch”, ao mesmo tempo em que desenvolve um jogo baseado nas aventuras de Dungeons & Dragons de Critical Role.

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