A Epic Games, desenvolvedora do popular jogo Fortnite, enfrenta um paradoxo no uso de inteligência artificial em suas plataformas. Enquanto o CEO da empresa, Tim Sweeney, manifesta a crença de que chatbots automatizados podem enriquecer a experiência de jogos com diálogos gerados automaticamente, a companhia se posiciona firmemente contra o uso de bots por usuários finais para inflar artificialmente a popularidade de conteúdo e gerar lucro indevido. Esta distinção está no cerne de uma recente ação judicial movida pela Epic Games contra dois criadores de conteúdo do Fortnite, com sede em Michigan, Estados Unidos. (via: kotaku)
Idris Nahdi e Ayob Nasser, os criadores em questão, são acusados pela Epic Games de terem criado uma rede de 20.000 bots com o objetivo de simular falsamente o engajamento em seus mapas dentro do Fortnite. A denúncia aponta que a intenção por trás dessa ação não era simplesmente preencher salas de servidores vazias, mas capitalizar financeiramente sobre uma popularidade artificialmente inflada.
A motivação para tal esquema reside no programa “Island Creator” do Fortnite. Esta iniciativa permite que criadores desenvolvam mapas e experiências únicas dentro do jogo, sendo recompensados financeiramente com base no engajamento real dos jogadores. Em outras palavras, quanto mais pessoas jogam em uma ilha criada, maior o potencial de lucro para seu desenvolvedor. Este modelo de monetização visa incentivar a criação de conteúdo genuinamente atrativo e inovador para a comunidade de jogadores.
Contudo, as regras do programa são claras e rigorosas. A Epic Games estabelece que o engajamento é medido exclusivamente pela participação de pessoas reais. Além disso, existem diretrizes estritas relacionadas à propriedade intelectual. A ação judicial da Epic Games alega que Nahdi e Nasser teriam tentado, de forma intencional, contornar os termos de serviço do programa de criadores. Segundo a empresa, os bots inundavam as ilhas criadas pela dupla utilizando um serviço de jogos na nuvem, que permite aos usuários jogar videogames, incluindo Fortnite, de forma remota.
Caso as alegações sejam comprovadas, o esquema de abuso teria rendido aos réus dezenas de milhares de dólares. A Epic Games afirma ter descoberto a fraude, agindo prontamente para desativar suas contas e ordenando que a dupla cessasse a prática e destruísse todas as cópias do Fortnite em sua posse. Contudo, a empresa alega que Nahdi e Nasser não acataram as ordens e continuaram a jogar Fortnite, o que levou à escalada das medidas legais.
Na ação judicial, a Epic Games argumenta que a conduta dos réus “prejudica o relacionamento da Epic com os desenvolvedores, privando os desenvolvedores legítimos da parcela total de fundos que teriam recebido e corroendo a confiança que a Epic construiu com eles”. A empresa busca não apenas a recuperação financeira dos valores alegadamente obtidos de forma ilícita, mas também um banimento permanente e abrangente dos jogadores. A Epic Games solicita que Nahdi e Ayob Nasser, bem como seus “herdeiros e sucessores”, sejam impedidos de jogar Fortnite no futuro, uma medida que demonstra a seriedade com que a companhia trata a manipulação de seu ecossistema.



