A Supertrick Games, estúdio responsável pelo lançamento de “Let it Die: Inferno”, sequência do jogo “Let it Die” que chega ao mercado hoje, emitiu um comunicado detalhado sobre o uso de inteligência artificial (IA) em seu desenvolvimento. A manifestação da empresa surge após uma controvérsia gerada no início da semana, quando a divulgação sobre o emprego de IA na página do jogo na plataforma Steam sugeriu uma utilização substancial da tecnologia generativa em diversas áreas, como arte, música e dublagem, sem especificar, contudo, os pormenores dessa aplicação. (via: eurogamer)
O comunicado oficial da Supertrick Games, divulgado em resposta à repercussão, esclarece os detalhes do uso da IA, indicando que a extensão da tecnologia no projeto é, de modo geral, menor do que se suspeitava inicialmente. A empresa buscou dissipar as preocupações dos jogadores e da comunidade, fornecendo uma visão transparente de como a inteligência artificial foi empregada como ferramenta de suporte no processo criativo.
Um dos pontos mais sensíveis da discussão era a utilização de IA para a criação de vozes de personagens. A Supertrick Games confirmou que o jogo utiliza, de fato, inteligência artificial generativa para dar voz a dois personagens específicos. No entanto, a escolha foi justificada como uma decisão criativa deliberada, alinhada à natureza dos próprios personagens: uma máquina movida a IA e uma “forma de vida misteriosa”. A intenção, segundo a empresa, foi integrar a tecnologia de forma coesa à narrativa e ao conceito dos personagens, e não como uma medida de redução de custos. A declaração da Supertrick Games assegura que “estes casos específicos utilizam vozes geradas por IA intencionalmente para corresponder à natureza dos personagens. Estas vozes não são derivadas ou modeladas a partir de nenhum artista humano, garantindo que não há preocupações com direitos autorais.” A empresa ainda complementa, afirmando que “todos os outros personagens do jogo são dublados por artistas humanos”.
No que tange à área artística, a inteligência artificial generativa foi empregada para criar “imagens base brutas”. Essas imagens serviram de ponto de partida para elementos como pôsteres de fundo, ilustrações inseridas no “InfoCast” (material de notícias dentro do jogo) e outros materiais de leitura presentes no ambiente virtual. Após a geração dessas bases, a equipe de artistas do estúdio atuou ativamente, “pintando por cima, refinando e ajustando manualmente” cada uma das peças. O comunicado menciona, ainda, que a ferramenta de IA aparentemente auxiliou a equipe na observância das leis de direitos autorais, embora não forneça detalhes explicativos sobre como essa assistência ocorreu.
Por fim, em relação à trilha sonora, a IA foi utilizada para iniciar o processo de criação de músicas de fundo que os jogadores ouvirão na área conhecida como Iron Perch. Especificamente, a inteligência artificial gerou “stems”, que podem ser entendidos como coleções de faixas de áudio ou mixes. A Supertrick Games explicou que, após a exportação desses “stems”, “poucos foram editados manualmente, mas a maioria foi reconstruída do zero”. Isso sugere que a IA serviu como um catalisador inicial, mas o trabalho humano de composição e arranjo foi predominante na finalização das peças musicais.
“Let it Die: Inferno” representa a sequência do excêntrico jogo multiplayer assimétrico “Let it Die”, desenvolvido pelo estúdio Grasshopper de Suda51, com a Supertrick atuando como co-criadora. Diferente de seu predecessor, esta nova versão abandona o conceito de multiplayer assimétrico em favor de um sistema de multiplayer direto e em tempo real, adotando uma estrutura PvEvP (jogador contra ambiente e jogador) que está em alta no mercado.
Apesar dos esclarecimentos da Supertrick Games, as primeiras avaliações dos usuários na plataforma Steam não parecem ser unanimemente positivas. O jogo tem recebido uma resposta “Mista” em sua recepção inicial, indicando que a comunidade de jogadores ainda está formando sua opinião sobre o título, considerando todos os aspectos do jogo, incluindo a polêmica sobre a IA.



