A consolidada franquia Call of Duty, uma máquina de sucesso que opera em alta velocidade, continua a dominar o mercado global de jogos, com a expectativa de lançamentos como Black Ops 7 e até mesmo uma adaptação cinematográfica em desenvolvimento. No entanto, nem todos os envolvidos na história da série compartilham o mesmo entusiasmo pelos títulos mais recentes. Glen Schofield, o aclamado criador de Dead Space e co-diretor de três jogos da própria série Call of Duty, expressou em uma entrevista suas ressalvas quanto à qualidade dos lançamentos recentes, indicando que nenhum deles alcançou o nível de excelência ou aclamação crítica de antes. (via: thegamer)
Schofield, que trabalhou em títulos da franquia até Call of Duty: WWII, antes de focar no desenvolvimento de The Callisto Protocol, fez suas observações em uma entrevista concedida ao portal VideoGamesChronicle. Na ocasião, ele discutia alguns dos desafios e armadilhas inerentes à integração da série Call of Duty sob o guarda-chuva da gigante Microsoft. Suas críticas, embora auto-depreciativas em certo ponto, foram diretas e sem rodeios.
“Vou dar um exemplo egoísta: odeio fazer isso, mas desde que deixei a Sledgehammer, nenhum dos jogos foi muito bom. Quero dizer, o último [Modern Warfare 3 (2023)] teve uma nota 50”, afirmou Schofield durante a entrevista, referindo-se à pontuação no Metacritic. Ele, contudo, fez questão de ressaltar um ponto inegável: “Eles ainda vendem bem.”
Essa constatação de Schofield se alinha perfeitamente com a realidade do mercado. O mais recente lançamento, Black Ops 6, por exemplo, contribuiu para estender a impressionante sequência de Call of Duty como o jogo mais vendido nos Estados Unidos por 16 anos consecutivos, demonstrando a força inabalável da marca junto ao público consumidor, independentemente da recepção crítica.
“Eles simplesmente não são tão bons”, complementou Schofield, aprofundando sua análise. “Eles não são os mesmos. A Treyarch ainda é muito boa, mas, você sabe… Tive sorte. Sinto que estive no auge da EA durante meu tempo lá. Era um ‘quem é quem’ trabalhando lá. E então, quando cheguei à Activision, fiz Modern Warfare 3 (2011).”
Schofield não apenas apontou a queda na qualidade percebida, mas também trouxe à tona a questão do reconhecimento da indústria. Ele destacou que Modern Warfare 3 (2011) foi o último título da franquia Call of Duty a conquistar o prêmio de Jogo de Ação do Ano. Além disso, seus outros dois jogos que dirigiu ou co-dirigiu também foram indicados para a mesma categoria. Hoje, segundo ele, essa realidade é diferente, e os títulos da série já não figuram entre os indicados a prêmios de prestígio.
É provável que Schofield esteja se referindo aos prêmios DICE Awards, onde Modern Warfare 3 (2011) de fato foi agraciado com o título de Jogo de Ação do Ano em sua edição correspondente. Desde então, a franquia Call of Duty, como um todo, recebeu um número bem mais limitado de indicações, totalizando apenas cinco nos anos subsequentes à vitória de 2011.
Suas observações sobre o reinício de Modern Warfare 3 (2023) também encontram eco nos dados. O jogo obteve uma média de 56 no Metacritic, uma pontuação considerada mediana no universo dos jogos. É importante notar, no entanto, que outros títulos recentes, como o já mencionado Black Ops 6, conseguiu alcançar uma média de 82 no mesmo agregador de notas, indicando que a percepção de qualidade pode variar significativamente entre os diferentes estúdios e projetos dentro da própria franquia.
Embora Call of Duty pudesse se beneficiar de mais alguns prêmios e de uma elevação consistente em suas pontuações anuais no Metacritic, é inegável que suas vendas não são afetadas negativamente. No cenário das grandes corporações do entretenimento, o sucesso comercial, muitas vezes, prevalece sobre a aclamação crítica, mesmo quando vozes experientes como a de Glen Schofield levantam questionamentos válidos sobre a direção criativa da série.



