Sete meses após seu lançamento, jogadores de Nightreign finalmente dominaram as complexidades do título. O jogo, um Soulslike multiplayer online que coloca os jogadores em uma corrida por um mapa com personagens predefinidos para derrotar chefes Nightlord de maneira grandiosa, era, a princípio, um desafio de adaptação. Contudo, a comunidade aprendeu o mapa, os conjuntos de movimentos dos personagens, coletou Relíquias poderosas para aprimorar habilidades e se familiarizou com as fraquezas de cada chefe. A coordenação com outros jogadores, que antes era uma questão mais premente, tornou-se menos problemática, tornando a experiência com jogadores aleatórios menos trabalhosa. (via: eurogamer)
Esse cenário de domínio foi alterado com a chegada da expansão “The Forsaken Hollows”. Desenvolvida pela FromSoftware, conhecida por títulos como Elden Ring, e publicada pela Bandai Namco, esta DLC está disponível para PC (Steam), PlayStation e Xbox Series X/S. A expansão, no estilo característico da FromSoftware, apresenta-se como um desafio complexo, que faz com que a comunidade de jogadores retorne, em grande parte, ao ponto de partida. Ela introduz dois novos personagens jogáveis, um novo evento que modifica drasticamente o mapa e dois novos Nightlords a serem enfrentados. Essa adição é vista positivamente, pois resgata a urgência e a necessidade de dominar o jogo que Nightreign apresentava em seu lançamento. Aprender as nuances do jogo, de forma gradual, faz parte da diversão e exige que os jogadores aprimorem a coordenação para alcançar o sucesso.
Em um movimento que pode ser considerado irônico, considerando os apelos por balanceamento para jogadores solo e duplas, a FromSoftware parece ter reforçado a necessidade de trabalho em equipe com as novidades da DLC. Assim, para os jogadores que preferem a experiência solo em títulos Soulslike, Nightreign pode não ser a escolha ideal; contudo, para aqueles com uma mentalidade mais aberta, o jogo oferece a oportunidade de compartilhar momentos de grande euforia com outros.
Entre os novos personagens, os Nightfarers, destacam-se a Estudiosa e a Coveira, que preenchem lacunas significativas no elenco jogável. A Estudiosa é uma intelectual Arcana que analisa os inimigos para infligir debuffs potentes, enquanto a Coveira é uma freira formidável que prioriza o uso de martelos e magias de Fé. Até o momento, a Coveira demonstra ser a escolha mais popular e dinâmica, além de mais simples de aprender, o que é compreensível, dado que a habilidade principal da Estudiosa envolve observar os outros para aplicar debuffs, embora engajar-se diretamente com uma arma que cause sangramento também possa render resultados eficazes.
A coordenação é, no entanto, essencial para extrair o máximo de suas habilidades Supremas. O “Hex Loathsome” da Coveira é um poderoso golpe que, por si só, já causa grande impacto, mas ela consegue acionar essa habilidade uma vez extra quando os aliados também usam suas Supremas, tornando a sincronia crucial. A Estudiosa, por sua vez, possui a habilidade “Comunhão”, que interliga múltiplos inimigos e causa dano a todos simultaneamente, o que pode aniquilar grupos de chefes quando a equipe trabalha em conjunto.
Felizmente, os novos chefes Nightlord foram concebidos para combates em grupo, o que destaca a utilidade da Suprema da Estudiosa. Assim como os Nightlords do jogo base, essas novas adições se assemelham a chefes de raide de MMO, desafiando as equipes com ataques de área de efeito e efeitos de status críticos. A expectativa é que jogadores solo enfrentem grandes dificuldades, embora a comunidade seja conhecida por sua capacidade de superar desafios de formas surpreendiras. Além disso, a FromSoftware continua a criar alguns dos mais majestosos cenários celestes para essas batalhas, elevando ainda mais a grandiosidade dos confrontos.
Além de alguns pequenos ajustes no mapa e chefes extras (com o retorno de Artorius!), a outra grande novidade em “The Forsaken Hollows” é o novo evento “Terra Mutável”. Essas ocorrências aleatórias assumem uma seção do mapa principal para alterar o ambiente, como o surgimento de uma montanha de gelo ou a abertura de uma cratera vulcânica. O novo evento, “O Grande Oco”, funciona de forma um pouco diferente, pois apresenta um mapa inteiramente novo, embora menor. Essa abordagem é considerada um avanço em relação aos eventos anteriores. Uma das maiores críticas ao jogo base era a reutilização constante do mesmo mapa mundial, o que podia levar à monotonia; os eventos anteriores eram, de certa forma, ignoráveis. Agora, o Grande Oco oferece um ambiente completamente novo que os jogadores são forçados a explorar. A mudança é elogiada pelo artigo.
Contribui para a experiência o belíssimo ambiente do Grande Oco. Largamente inspirado nas áreas subterrâneas de Elden Ring, como o Rio Siofra e as catacumbas, é uma caverna iluminada pela lua, repleta de cristais imponentes, ruínas desmoronadas e alguns chefes extremamente desafiadores (o retorno de Mohg já frustra muitas tentativas). Embora inicialmente pareça menor que o mapa principal de Limveld, seu senso de verticalidade esconde grande profundidade e exige uma compreensão especializada de seu layout; catacumbas labirínticas podem ser tentadoras de explorar, mas é muito fácil ficar preso na tempestade que se aproxima. Aprender as complexidades de seu design faz parte da diversão e confere longevidade a Nightreign, o que leva à observação de que outros eventos poderiam ter adotado uma abordagem semelhante para estender ainda mais o jogo.
O que se mostra mais frustrante, dada a ênfase do jogo no trabalho em equipe, é a contínua ausência de crossplay. Embora disponível para PS5, Xbox Series X/S e PC, os jogadores ficam restritos a jogar apenas com aqueles de sua plataforma escolhida. Essa é uma falha significativa na era atual, especialmente quando Nightreign prospera ao ser jogado com amigos. Há uma forte esperança de que a FromSoftware considere adicionar essa funcionalidade no futuro.
A maior crítica à expansão “The Forsaken Hollows” ecoa a do jogo base: o desejo por mais conteúdo. O artigo original já apontava Nightreign como um material perfeito para um jogo como serviço contínuo, e as adições desta DLC apenas reforçam essa percepção. Personagens únicos se encaixam perfeitamente no elenco; chefes e Nightlords rotacionam em novos desafios; e o evento “Terra Mutável” renova consideravelmente a experiência. Embora os extras “Everdark Sovereigns” e “Deep of Night” tenham sido providos para jogadores experientes, se a FromSoftware tivesse estabelecido uma frequência regular de atualizações substanciais, a vida útil do jogo poderia ter sido estendida ainda mais, mantendo por mais tempo sua urgência desafiadora, em vez da expertise ensaiada das jogadas atuais. Se mais atualizações estão planejadas, resta ver, mas a análise original sugere que Nightreign pode ter se provado um campo de testes promissor para “The Duskbloods”, seu futuro exclusivo para o Switch 2.
Em última análise, “The Forsaken Hollows” apenas amplifica os pontos altos de Nightreign. A emoção de uma vitória apertada em batalhas contra chefes, especialmente com o apoio de colegas de equipe, solidifica a reputação da FromSoftware como mestre em proporcionar confrontos inesquecíveis. A experiência de finalmente realizar uma “run” perfeita, atingir o nível máximo de experiência e enfrentar o novo Nightlord, “The Balancers” – uma horda de valquírias agressivas –, ilustra o ápice do desafio. Aprender seus padrões de ataque enquanto elas desferiam uma enxurrada de golpes, com a luz do sol se espalhando pelas nuvens, e, em um momento decisivo, esquivar-se e contra-atacar para derrotar o chefe mesmo após a queda dos companheiros de equipe, é a essência da satisfação que o jogo proporciona.



