Walton Goggins, conhecido por seu papel como O Ghoul na aclamada adaptação de Fallout, da Amazon Prime Video, reiterou recentemente que nunca jogou a série de videogames na qual a produção se baseia. Em entrevista concedida à revista PC Gamer, o ator não apenas confirmou sua falta de interesse pessoal nos jogos, mas também detalhou a motivação profissional por trás de sua decisão. (via: thegamer)
“Não, eu não me sentei para jogar os games,” afirmou Goggins. “E eu não farei isso, não farei. Não jogarei os games, não estou interessado.” A declaração pode parecer surpreendente para muitos fãs de adaptações, que esperam um mergulho profundo dos atores no material original. No entanto, a perspectiva de Goggins é fundamentada em uma abordagem artística bastante específica, visando proteger a integridade de sua performance e a concepção de seu personagem.
O ator explicou que seu principal objetivo é evitar que qualquer experiência de jogo influencie ou altere sua atuação. Ele não deseja “reconceitualizar” sua compreensão dos personagens e do universo de Fallout, temendo que isso pudesse, inadvertidamente, diluir a autenticidade de sua interpretação. Goggins enfatizou que, para ele, a imersão na série televisiva exige uma crença irrestrita nas circunstâncias apresentadas pelo roteiro, sem a interferência de uma realidade pré-estabelecida pelos jogos.
“De repente, eu estaria olhando para este mundo de uma perspectiva muito diferente, e como algo na tela em que sou um avatar. Não acredito que sou um avatar. Acredito que O Ghoul existe no mundo, acredito que Cooper Howard existe no mundo”, continuou o ator. Ele complementou que a melhor maneira de servir ao universo de Fallout e aos fãs do jogo é ir trabalhar todos os dias e acreditar nas circunstâncias que lhe são apresentadas. Essa filosofia artística busca uma conexão orgânica com o texto e o diretor, construindo o personagem a partir das bases narrativas da série, em vez de moldá-lo por referências externas.
A postura de Goggins em relação ao material-fonte levanta uma discussão interessante sobre o papel da familiaridade com uma franquia na adaptação de suas histórias. Será que um profundo conhecimento do universo é sempre benéfico, ou uma perspectiva externa pode trazer frescor e inovação? Um criador que adota uma abordagem semelhante à de Goggins é Tony Gilroy, o showrunner de Andor. Apesar de não ser um fã declarado de Star Wars, Gilroy foi responsável por criar o que muitos consideram uma das melhores narrativas do universo Star Wars desde “O Império Contra-Ataca”, elogiada por sua originalidade e profundidade temática. Este exemplo sugere que, por vezes, uma certa distância do material original pode permitir uma visão mais desimpedida e criativa.
Em contraste com a abordagem de Goggins, a atriz Ella Purnell, que interpreta Lucy MacLean na série, revelou ter jogado Fallout 4 durante sua preparação para a primeira temporada. Purnell descreveu a experiência como “muito divertida e empolgante”, e afirmou estar feliz por ter jogado.
Segundo a atriz, a imersão no jogo não teve necessariamente o propósito de informar sua performance de forma direta, dado que sua personagem não é uma adaptação um-para-um dos jogos e é original à série televisiva. Contudo, a experiência do jogo elevou seu apreço e envolvimento com a produção. “Não é necessariamente porque informou minha performance. Obviamente, não é uma adaptação um-para-um. Minha personagem não está realmente nos jogos, mas apenas porque aumentou meu prazer e a experiência. Como, poder ver a armadura de força e que eles realmente a construíram, vestir o traje de Vault, entrar no cenário do Vault”, detalhou Purnell. Para ela, a experiência do game serviu como um mergulho sensorial e imersivo no ambiente da franquia, enriquecendo sua percepção visual e atmosférica do mundo que estava ajudando a construir.
As diferentes estratégias adotadas pelos protagonistas de Fallout ilustram a diversidade de métodos na atuação e na adaptação de obras complexas. Enquanto Goggins opta por uma “ignorância voluntária” para preservar a pureza de sua criação, Purnell abraça a exploração do universo original para aprimorar sua conexão com o contexto da história. Ambas as abordagens, no entanto, contribuíram para o sucesso da série, que cativou tanto a crítica quanto o público.
A segunda temporada de Fallout tem sua estreia marcada para 17 de dezembro, prometendo dar continuidade à aclamada jornada pós-apocalíptica.




