Estúdio de Clair Obscur Expedition 33 não prevê expansão

Estúdio de Clair Obscur Expedition 33 não prevê expansão

O cenário dos videogames foi sacudido recentemente pelo sucesso estrondoso de “Clair Obscur: Expedition 33”, um título que rapidamente ascendeu ao panteão dos jogos mais comentados dos últimos anos. O game, desenvolvido pela Sandfall Interactive, conquistou múltiplos prêmios, incluindo a principal categoria em The Game Awards, uma das mais prestigiadas cerimônias da indústria. Sua trajetória de glória, contudo, foi marcada por uma controvérsia significativa: apesar de ter sido coroado Jogo Indie do Ano, teve seu prêmio revogado devido ao uso de inteligência artificial generativa em sua produção. (via: thegamer)

Verso looking stern in Clair Obscur Expedition 33.

Independentemente do debate que ainda ecoa na comunidade gamer, o fato é que “Clair Obscur: Expedition 33” se estabeleceu como um dos lançamentos mais notáveis do período, conferindo à Sandfall Interactive não apenas grande prestígio, mas também um considerável volume de recursos financeiros. Em uma indústria onde o sucesso geralmente impulsiona a expansão rápida, a postura do CEO da Sandfall Interactive, Guillaume Broche, e sua equipe, diverge da norma, optando por manter a estrutura original do estúdio.

Desde julho do ano passado, Broche já havia sinalizado a ausência de planos para expandir o estúdio. Agora, mesmo com o acúmulo de prêmios e o reconhecimento global, sua convicção permanece inalterada. Em uma conversa recente com a revista Edge, cujos trechos foram replicados pela newsletter Knowledge, Broche reiterou que, apesar da “recepção inacreditável” de “Clair Obscur”, não há qualquer tentação de aumentar o tamanho da Sandfall Interactive.

A filosofia por trás dessa decisão reside na prioridade que Broche e sua equipe dão ao processo de desenvolvimento em si, em detrimento da gestão de um número maior de pessoas. Para o CEO, trabalhar com limitações é um catalisador para a criatividade. “Acho que é bom ter limitações quando se é criativo”, afirmou Broche. “É a melhor maneira de ser a melhor versão de si mesmo. Poderíamos escalar agora que temos muito mais dinheiro, mas eu diria que não é tentador para nós, porque até mesmo a equipe de gerenciamento e eu teríamos que estar envolvidos e fazendo as coisas por nós mesmos. Amamos fazer jogos mais do que amamos gerenciar, então queremos continuar fazendo isso. Estes últimos cinco anos foram alguns dos melhores da minha vida, e quero ser feliz assim novamente.”

A fala de Broche sublinha um ponto crucial: a satisfação pessoal e profissional de se manterem engajados diretamente na criação dos jogos. Ele e sua equipe valorizam a capacidade de ter as “mãos na massa”, um privilégio que acreditam seria diluído com a necessidade de supervisionar uma equipe expandida. A escolha, portanto, não é apenas estratégica, mas profundamente ligada à paixão e ao bem-estar do time central.

Além das questões de gestão de equipe e expansão, Broche também compartilhou sua visão sobre o que considera ser o verdadeiro segredo por trás do sucesso de “Clair Obscur”. Segundo ele, a chave foi adaptar o jogo à equipe existente, aproveitando suas forças e habilidades inerentes, em vez de conceber uma ideia e, só então, tentar montar uma equipe em torno dela. “Acho que o segredo é adaptar o jogo à equipe que você tem, e não o contrário”, explicou.

Ele adicionou que o foco primordial não deve ser em processos complexos, mas sim em criar um jogo que os próprios desenvolvedores desejem jogar. Em uma declaração que pode parecer contraditória à primeira vista, Broche sugeriu: “E, principalmente, não se trata de processos, é fazer um jogo que você quer jogar. É contraditório, mas [tente] não se importar muito com os jogadores, porque se você se importa com seu jogo, significa que você se importa com os jogadores, em última análise.” Essa perspectiva sugere que a paixão e o compromisso genuíno dos criadores com a qualidade e a experiência do próprio jogo são os maiores garantias de que o produto final também agradará ao público.

Dessa forma, a Sandfall Interactive se posiciona como um exemplo singular no mercado, demonstrando que, mesmo diante de um sucesso avassalador e da possibilidade de grande expansão, a manutenção de uma estrutura menor e mais focada pode ser uma escolha consciente e bem-sucedida, impulsionada pela paixão pela criação e pela busca pela satisfação no processo de desenvolvimento.

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