A campanha da Microsoft intitulada “isto é um Xbox”, que se dedica há aproximadamente um ano a redefinir a percepção de sua marca de jogos, tem enfrentado críticas crescentes. Mike Ybarra, ex-presidente da Blizzard, manifestou recentemente seu descontentamento com a estratégia, argumentando que a simples capacidade de jogar via nuvem não transforma dispositivos como televisões inteligentes ou headsets de realidade virtual Meta Quest em “Xbox”. (via: gamesradar)
Em uma postagem no X (antigo Twitter) datada de 19 de outubro, Ybarra foi direto em sua avaliação: “Abandonem a campanha ‘isto é um Xbox'”, escreveu. “Ideia errada, momento errado. Xbox é sobre jogos – jogos sempre dominam o mundo.” A campanha, que visa expandir a identidade do Xbox para além do console físico, sugere que a experiência da plataforma está disponível em uma miríade de dispositivos, desde que haja acesso à tecnologia de streaming em nuvem.
A principal objeção de Ybarra reside na ausência de paridade de experiência entre o console dedicado e esses outros “dispositivos”. “Se eles não têm paridade entre o console e qualquer outro ‘dispositivo'”, continuou Ybarra, “então simplesmente não é um Xbox. Confuso – quem quer que tenha criado isso claramente não joga.” Para o ex-executivo da Blizzard, a essência do Xbox está intrinsecamente ligada à experiência de jogo que o console proporciona, e a tentativa de diluir essa identidade em uma variedade de aparelhos, sem oferecer uma experiência equivalente, gera mais confusão do que clareza.
Em contraste com a visão de Ybarra, Craig McNary, diretor de marketing da Microsoft, apresentou uma perspectiva diferente em uma publicação no Xbox Wire em novembro de 2024, que introduziu a campanha “isto é um Xbox”. McNary defendeu a abrangência da marca, afirmando que “seja você um usuário de console Xbox, jogue no PC, em Smart TVs Samsung, handhelds, celulares, Amazon Fire TV ou um headset Meta Quest com Game Pass Ultimate, você pode jogar com o Xbox.” Ele chegou a sugerir que muitos usuários estariam lendo sua mensagem em um “dispositivo habilitado para Xbox”, reforçando a ideia de uma ubiquidade da marca.
No entanto, essa percepção de onipresença da marca Xbox tem sido questionada por alguns observadores. A universalidade sugerida pela campanha parece descolada da realidade para muitos, especialmente considerando a dependência do serviço de assinatura Game Pass Ultimate para acessar essa funcionalidade em vários dispositivos. Este serviço, segundo críticos, tem praticado “preços cada vez mais surpreendentes”, o que levanta dúvidas sobre a acessibilidade e o verdadeiro alcance da proposta da Microsoft. A exclusividade de certos títulos ou funcionalidades ao console principal também contribui para a percepção de que a experiência em outras plataformas não é plenamente “Xbox”.
A crítica de Ybarra à campanha “isto é um Xbox” também ecoa um sentimento mais amplo de descontentamento em relação às estratégias recentes da Microsoft no setor de jogos. Ele expressou no X (antigo Twitter) que “eles continuam empurrando as agulhas cada vez mais fundo. Cortes curam – não vejo nenhuma cura acontecendo, apenas mais agulhas empurrando cada vez mais fundo.” Essa metáfora sugere uma dor contínua e um agravamento de problemas, em vez de soluções.
Anteriormente, críticas significativas foram direcionadas à Microsoft sobre o aumento de preços do Game Pass, com um co-fundador do Xbox descrevendo a atitude como “ganância sobre os jogos” e uma “traição” aos fãs. Segundo ele, a empresa “jogou fora uma de suas últimas vantagens” ao elevar os custos. Essas observações, juntamente com os comentários de Ybarra, apontam para uma crescente preocupação de que a Microsoft esteja priorizando a expansão de seu ecossistema e a monetização sobre a satisfação e a experiência de seus jogadores mais fiéis, arriscando alienar a base que ajudou a construir a marca Xbox ao longo dos anos. A tensão entre a visão de um Xbox onipresente via nuvem e a identidade tradicional do console de jogos continua a ser um ponto central de debate na indústria.



