O diretor de Final Fantasy Tactics: The Ivalice Chronicles, Kazutoyo Maehiro, abordou recentemente as possibilidades de um futuro para a popular franquia de RPG tático. Em resposta a questionamentos dos fãs, Maehiro mencionou que um remaster de Final Fantasy Tactics Advance (FFTA) é uma das opções consideradas. Outras alternativas incluem uma sequência direta para a aventura original de Ramza ou o desenvolvimento de “outros jogos” dentro do nicho de RPG estratégico. (via: thegamer)
A notícia é recebida com entusiasmo por uma parcela dedicada de fãs de Final Fantasy Tactics Advance. Embora muitos apreciem o remaster luxuoso de The Ivalice Chronicles, alguns defendem que a jornada de amadurecimento de Marche, apresentada no “quase-sequel” do Game Boy Advance, se destaca ainda mais que o título que iniciou a saga no PlayStation. Essa preferência, inclusive, motivou discussões em plataformas como o Reddit, onde entusiastas compartilham os motivos pelos quais Tactics Advance ressoa mais profundamente com eles, mesmo após tantos anos.
Entre os argumentos apresentados, destaca-se uma percepção de profundidade diferente. Um usuário do Reddit, DarkMilotc, iniciou uma discussão afirmando que, embora possa parecer incomum para alguns, Final Fantasy Tactics Advance deixou uma marca muito mais profunda em sua experiência pessoal do que o Final Fantasy Tactics original. DarkMilotc reconhece abertamente a complexidade da narrativa do primeiro jogo, que examina temas como classismo, quebra de confiança e os perigos da religião institucionalizada quando utilizada para fins nefastos. No entanto, ele aponta que a história de FFTA, centrada na jornada de um jovem para retornar ao seu mundo real a partir de uma versão imaginária de Ivalice, criada pelo desejo de outra criança, é “mais simples” em sua premissa, mas oferece um tipo distinto de profundidade emocional.
Segundo DarkMilotc, a narrativa de FFTA possui “algo tão humano” na ideia de desejar viver em um mundo de sonhos onde tudo é perfeito, e então confrontar a percepção de que a felicidade construída sobre a negação não pode durar. Esse dilema, mesclado a uma base de história de amadurecimento e ambientado em uma Ivalice mais vívida, multirracial e fantástica do que a representação relativamente “realista” de Final Fantasy Tactics, confere a FFTA uma melancolia sutil que se contrapõe à sua aparência de conto “infantil”.
Muitos outros usuários corroboram essa visão. PepsiMan_21, em um comentário de grande repercussão, relatou que, como alguém que “lutou contra a depressão e usou jogos como uma fuga da realidade”, a história de FFTA tocou-o profundamente. Outros encontraram nos temas mais acessíveis de Final Fantasy Tactics Advance uma identificação maior durante a infância. KriSriracha, por exemplo, comentou que, quando criança, a história do jogo original “passou direto” por ele, enquanto FFTA era apenas “um garoto tentando voltar para casa com seu irmão”, tornando a narrativa mais compreensível e cativante.
É importante notar que Final Fantasy Tactics Advance enfrentou críticas significativas em seu lançamento em 2003, e essa negatividade persistiu por muitos anos. O próprio autor do texto original admite ter sido um “cético” na época, esperando por um Final Fantasy Tactics 2 que fosse mais “maduro” e com as mesmas alegorias ambiciosas do primeiro jogo, escritas por Yasumi Matsuno, que notavelmente não esteve envolvido na criação de FFTA ou de seu sucessor no Nintendo DS. Com o tempo, contudo, a perspectiva mudou, e reconhece-se que FFTA, embora não seja o hipotético FFT2, possui seu próprio valor e charme.
A percepção de uma mudança de tom entre os jogos é um ponto recorrente. IlikeJG observou que “este jogo, vindo depois do anterior e sendo uma completa mudança de tom, foi uma jogada realmente estranha”, que “afastou uma grande parte da base de fãs que esperava por Final Fantasy Tactics 2”. Contudo, outros usuários defendem a abordagem de FFTA. NamiRocket refletiu que “os momentos menores, às vezes mais emocionalmente carregados de Tactics Advance, fizeram muito mais por mim”. Em linha com essa ideia, BetaNights opinou que “a história de FFT é em maior escala. A história de FFTA é mais pessoal. Não é pior. Apenas diferente”, uma visão que, apesar de controversa para alguns, destaca a diversidade narrativa.
A forte conexão com o universo de Ivalice também se manifesta no desejo de muitos fãs por uma compilação de títulos. Biengo expressou o desejo de ver uma “coleção Ivalice” que incluísse FFT, FFTA, FFTA2, FF12 e talvez até alguma integração com FF14, considerando esse universo “facilmente a coisa favorita” de Biengo em Final Fantasy. O autor original do artigo ainda sugere que Vagrant Story seja incluído, reforçando que o jogo, de fato, faz parte dessa rica linha do tempo de Ivalice.
