O lançamento de “Ghost of Yotei”, a aguardada sequência de “Ghost of Tsushima” desenvolvida pela Sucker Punch, acendeu um debate significativo na comunidade de jogos, que se estende para além de suas qualidades intrínsecas. O título, que teve um orçamento de desenvolvimento de aproximadamente $60 milhões, tem enfrentado críticas online, principalmente em relação às suas animações. Contudo, essa recepção negativa impulsionou uma discussão mais ampla sobre os padrões de comparação dentro da indústria e o impacto de jogos colossais, como “Red Dead Redemption 2”, nesses parâmetros. (via: gamesradar)
Lançado há sete anos, “Red Dead Redemption 2” da Rockstar Games é amplamente considerado um dos jogos mais impressionantes da história. Sua reputação é solidificada por uma atenção meticulosa aos detalhes, característica marcante da desenvolvedora, e um orçamento estimado em $540 milhões, além de um período de desenvolvimento de oito anos. A magnitude desse projeto, entretanto, tornou-se, para alguns, uma barreira para a apreciação de novos lançamentos de mundo aberto.
A frustração de muitos fãs de “Ghost of Yotei” reside justamente nessa comparação constante com o título da Rockstar. Eles clamam por uma mudança de perspectiva, pedindo que a comunidade de jogadores e a crítica evitem utilizar “Red Dead Redemption 2” como o único e inatingível padrão para todos os jogos de mundo aberto.
Essa insatisfação foi ecoada por figuras proeminentes no universo dos jogos. O crítico de jogos Synth Potato, por exemplo, manifestou sua opinião em resposta a um vídeo que comparava as animações de caminhada no gelo entre “Yotei” e “Red Dead Redemption 2”. “Red Dead Redemption 2 é meu jogo favorito de todos os tempos, mas precisamos parar de comparar tudo a ele”, afirmou Synth Potato. Ele prosseguiu, destacando a singularidade do trabalho da Rockstar: “O que a Rockstar fez foi extraordinário, mas teve um orçamento de $500 milhões e oito anos de desenvolvimento. É aceitável que os jogos tenham 70% do nível de detalhe se forem feitos na metade do tempo, e ‘Yotei’ é ótimo.” A fala de Synth Potato sublinha a disparidade de recursos e tempo, que inviabiliza uma comparação direta e, por vezes, injusta.
A discussão ganhou tração nas redes sociais, revelando um sentimento generalizado. Uma publicação na plataforma X (antigo Twitter), que acumulou cerca de 132.000 curtidas até o momento da escrita, expressou uma visão polarizada: “Red Dead é um jogo lindo, mas é também provavelmente a pior coisa que já aconteceu à discussão sobre videogames na história.” Essa afirmação, embora forte, reflete a percepção de que, ao invés de elevar o nível, o jogo acabou por criar um crivo irrealista.
Outra postagem, com quase 6.000 curtidas, reforçou a ideia de que a comunidade por vezes se mostra excessivamente exigente. “Às vezes sou lembrado de quão irritante essa comunidade é”, dizia a publicação. “O fato de a Sucker Punch ter alcançado isso com $60 milhões e 5x menos desenvolvedores é absolutamente notável.” Esta perspectiva enaltece a conquista da Sucker Punch em entregar um jogo de tal calibre com uma fração dos recursos e da equipe que foram necessários para a produção de “Red Dead Redemption 2”. A mensagem implícita é clara: não se pode esperar que todos os desenvolvedores “caminhem sobre a água” – ou, neste caso, sobre o gelo – com as mesmas condições de um titã da indústria.
A despeito das críticas iniciais e das comparações inevitáveis, a experiência de jogo proporcionada por “Ghost of Yotei” tem sido elogiada por muitos. O próprio autor do artigo original, ao refletir sobre a experiência, afirmou ter encontrado mais prazer na exploração de “Ghost of Yotei” do que em qualquer outro jogo de mundo aberto, não apenas naquele ano, mas em toda a sua experiência com o gênero.
O debate em torno de “Ghost of Yotei” e “Red Dead Redemption 2” evidencia uma necessidade crescente na indústria: a de avaliar os jogos dentro de seus próprios contextos de desenvolvimento, recursos e ambições. Enquanto “Red Dead Redemption 2” permanece como um marco inegável, a comunidade de jogadores parece cada vez mais inclinada a celebrar a inovação e a qualidade de títulos que, mesmo com orçamentos e equipes menores, conseguem entregar experiências ricas e memoráveis.
