A indústria dos videogames testemunhou recentemente a primeira amostra do título de estreia da Nagoshi Studio, o mais novo empreendimento do renomado desenvolvedor Toshihiro Nagoshi. Batizado de “Gang of Dragon”, o jogo revelou-se de forma surpreendente, exibindo uma semelhança marcante com a aclamada série Yakuza, pela qual Nagoshi é amplamente reconhecido. A revelação alimenta intensas discussões sobre o futuro da criatividade de um dos nomes mais influentes do Japão no cenário global dos games. (via: ign)
Toshihiro Nagoshi, figura central na criação e supervisão da franquia Yakuza/Like a Dragon por anos, tomou a decisão de deixar a Ryu Ga Gotoku em 2021. Sua saída marcou o fim de uma era, e o subsequente anúncio da formação da Nagoshi Studio em 2022, sob o patrocínio da gigante chinesa NetEase, gerou grande expectativa. A NetEase, conhecida por seu ambicioso investimento no setor de jogos, atraiu Nagoshi para liderar um novo estúdio com total liberdade criativa, sinalizando uma aposta significativa em seu talento e visão. A comunidade de jogadores e analistas aguardava ansiosamente para ver qual seria o primeiro fruto dessa nova colaboração.
O teaser de “Gang of Dragon” desdobrou-se como um espetáculo visual que imediatamente invocou a atmosfera familiar da série Yakuza. O vídeo inicia-se com a imagem de um homem de terno caminhando por ruas urbanas japonesas, uma cena que evoca a estética metropolitana densa e cheia de vida que caracteriza os jogos anteriores de Nagoshi. A narrativa rapidamente toma um rumo sombrio quando o homem é subitamente atacado e esfaqueado por uma figura misteriosa e traiçoeira, sugerindo um universo onde a violência e o perigo espreitam em cada esquina.
Contudo, a cena seguinte apresenta o mesmo protagonista, curiosamente sem os ferimentos do ataque anterior, sentado em um bar modesto e discretamente iluminado. A tranquilidade aparente é quebrada pela entrada de um grupo de indivíduos com a inconfundível aparência de membros da Yakuza, o crime organizado japonês, que se aproximam exigindo um acerto de contas. Neste momento de tensão crescente, o telefone do homem toca, e ele se engaja em uma breve e enigmática conversa, cujas palavras não são reveladas, mas que claramente prenunciam um confronto iminente.
Sem aviso, a situação escala para uma brutal troca de socos. Apesar de seus oponentes estarem armados, o protagonista demonstra uma habilidade de combate surpreendente, dominando facilmente os agressores em uma luta corpo a corpo. O triunfo é completo, e ele emerge do bar ileso, com uma determinação inabalável. O clímax do trailer ocorre quando o homem continua sua jornada pela rua, e a câmera revela um letreiro icônico: a entrada real de Kabukichō. Este famoso distrito de entretenimento em Tóquio é a inspiração para Kamurocho, a cidade fictícia central da série Yakuza, solidificando ainda mais as comparações.
Ao final do vídeo, o logotipo de “Gang of Dragon” é exibido, com as letras iniciais de cada palavra – “G”, “O”, “D” – destacadas, formando a palavra “GOD”. Esta escolha de design intrigou muitos, especulando sobre possíveis significados ou temáticas a serem exploradas no jogo, talvez uma referência à temática de poder ou divindade dentro da narrativa.
No entanto, para a decepção de muitos entusiastas, o primeiro vislumbre de “Gang of Dragon” não incluiu informações cruciais como uma data de lançamento ou as plataformas nas quais o jogo estará disponível. A ausência desses detalhes mantém os fãs em suspense, mas a simples existência do trailer já serviu para reafirmar a direção que Nagoshi parece estar tomando.
A evidente familiaridade visual e temática entre “Gang of Dragon” e a série Yakuza é um ponto central de discussão. Dada a história de Toshihiro Nagoshi como o principal arquiteto da franquia Yakuza, a semelhança é compreensível, mas também levanta questões importantes. É justamente por ser um jogo da Nagoshi Studio, e não da Ryu Ga Gotoku, que “Gang of Dragon” não pode ser uma continuação direta ou um título da série Yakuza. Isso estabelece um desafio singular para Nagoshi e sua equipe: como criar uma experiência nova e autônoma que ressoe com seu estilo característico, mas que ao mesmo tempo se diferencie de seu trabalho anterior?
A tarefa de Toshihiro Nagoshi é, portanto, a de navegar por um caminho tênue. Ele precisa inovar e trazer elementos frescos para o gênero que ajudou a definir, enquanto honra o legado de sua própria criação. A expectativa é que “Gang of Dragon” seja mais do que uma mera reinterpretação, mas sim uma evolução ou uma nova perspectiva sobre a narrativa de crime e honra no Japão urbano, com a assinatura inconfundível de um de seus maiores mestres. A comunidade gamer aguarda com grande interesse para ver como Nagoshi Studio abordará esse equilíbrio delicado em seu primeiro grande lançamento.



