O lançamento de Borderlands 4, o mais recente título da aclamada franquia de tiro em primeira pessoa com elementos de RPG, representou um marco significativo ao introduzir, pela primeira vez na série, um verdadeiro mundo aberto. Essa inovação prometia uma experiência de jogo mais fluida, com um mapa contínuo e sem interrupções por telas de carregamento entre as distintas áreas. Antes de sua chegada ao mercado, essa característica era amplamente vista como um avanço positivo e bem-vindo, com a única ressalva recaindo sobre possíveis preocupações relacionadas ao desempenho técnico do jogo. (via: thegamer)
Contudo, a realidade pós-lançamento revelou que tanto a implementação do mundo aberto quanto a atualização para a Unreal Engine 5, motor gráfico que impulsiona o título, geraram preocupações significativas de desempenho. Além das questões técnicas, uma discussão mais profunda emergiu entre a comunidade de jogadores, questionando se as supostas vantagens de um mundo aberto realmente se concretizaram em Borderlands 4.
A insatisfação dos jogadores com o design ambiental do jogo foi explicitada em um recente tópico no Reddit, iniciado pelo usuário Montymonkey. Ele levantou o questionamento sobre a adequação de um mundo aberto para a proposta da série Borderlands. Seu argumento central reside na observação de que os títulos anteriores da franquia eram caracterizados por zonas bem definidas, cada uma com seus próprios temas claros, uma estética memorável e uma atmosfera única. A transição para um mundo aberto, segundo a linha de raciocínio apresentada, cria um desafio fundamental na diferenciação das zonas. A Gearbox, desenvolvedora do jogo, enfrenta a complexidade de evitar que as áreas se tornem repetitivas quando elas se conectam e se misturam de forma contínua. Embora seja tecnicamente possível criar distinções marcantes, Montymonkey ressaltou que as telas de carregamento nos jogos anteriores funcionavam como um “espaço liminar” entre as zonas, auxiliando psicologicamente o jogador a perceber e diferenciar uma área da outra.
A percepção de perda de identidade nas regiões do jogo é reforçada por depoimentos de jogadores. Um usuário, cuja identidade não foi revelada publicamente no fórum, comentou: “Eu gosto do mundo aberto, mas sinto que ele tirou a música e os locais únicos. A única música que consigo lembrar é aquela melodia genérica de rock que toca durante o combate, e rejogar Borderlands 3 me fez sentir falta de como todas as zonas eram variadas.” Essa observação destaca um ponto sensível para muitos fãs da franquia, que valorizavam a trilha sonora e o design sonoro como elementos cruciais para a imersão e a memorabilidade de cada ambiente.
No entanto, os comentários no mesmo tópico do Reddit apontaram corretamente para um fator externo que pode influenciar a percepção sobre a música: as trilhas sonoras de Tiny Tina’s Wonderlands e Borderlands 4 foram compostas por uma equipe de som diferente daquela responsável pelas composições de Borderlands 1-3 e The Pre-Sequel. Essa mudança sugere que a aparente falta de músicas memoráveis no novo título pode não ser uma consequência direta do design de mundo aberto, mas sim uma característica da nova abordagem musical da desenvolvedora.
Ainda assim, a questão da diversidade de áreas em Borderlands 4 persiste, e muitos atribuem essa carência a uma possível alocação de recursos. Em mapas de grande escala, como os de mundo aberto, os detalhes mais finos e as nuances que conferem personalidade a cada canto podem ser negligenciados em favor de preencher o vasto espaço disponível. Essa abordagem pode resultar em áreas inteiras que, embora extensas, acabam transmitindo uma sensação de mesmice ou falta de inspiração.
É importante ressaltar que a natureza de um mundo aberto não implica inerentemente que as zonas se tornem menos pronunciadas ou menos distintas. Contudo, a percepção geral dos jogadores é que isso de fato ocorreu em Borderlands 4. Para futuras entradas na série, caso a Gearbox opte por manter o formato de mundo aberto, será fundamental que a equipe de desenvolvimento invista um esforço adicional e significativo para garantir que cada área do jogo se sinta apropriadamente diferenciada e possua sua própria identidade visual, sonora e temática, revitalizando a experiência que os fãs tanto valorizam.
                            



