Microsoft barrou projeto de espiões ‘rival de Uncharted’ por Gears

Microsoft barrou projeto de espiões ‘rival de Uncharted’ por Gears

Em 2013, durante a Electronic Entertainment Expo (E3), o estúdio The Coalition, então conhecido como Black Tusk Studios até sua renomeação em 2015, apresentou um breve teaser que sugeria o desenvolvimento de um projeto ambicioso. Esse jogo, na época envolto em mistério, parecia ter o potencial para competir diretamente com a aclamada série Uncharted da Sony. Contudo, o projeto foi abruptamente cancelado, cedendo lugar ao desenvolvimento de uma nova entrada na franquia Gears of War. (via: gamesradar)

Por mais de uma década, nem a Microsoft nem o próprio estúdio Xbox se manifestaram publicamente sobre os detalhes desse enigmático vídeo de 30 segundos exibido na E3. Agora, um recente vídeo do pesquisador de videogames Liam Robertson, do canal DidYouKnowGaming, finalmente revela os pormenores do que era conhecido internamente como “Project Ranger”, desvendando a história de um título promissor que nunca viu a luz do dia.

Segundo Robertson, a iniciativa para o “Project Ranger” surgiu da necessidade da Microsoft em ter um título exclusivo que pudesse rivalizar com a popularidade e o estilo da série Uncharted, da Sony. A proposta era desenvolver um “shooter em terceira pessoa de ritmo acelerado, com grandes sequências de ação”. O conceito-chave do jogo era ser, em essência, “Uncharted com espiões”. Nele, os jogadores controlariam agentes secretos em missões de espionagem de alta octanagem, ambientadas em diversas cidades ao redor do mundo, repletas de ação e adrenalina. Embora o pesquisador não detalhe o grau de similaridade, a ideia soava como uma fusão entre a intensidade narrativa de Uncharted e os elementos de furtividade e missões de Hitman, prometendo uma experiência dinâmica e envolvente.

Apesar do conceito promissor, o destino do “Project Ranger” foi selado por uma decisão estratégica: o foco da equipe seria transferido para o desenvolvimento de Gears of War 4. Conforme relatado por Robertson, o gerente de estúdio, Mike Crump, indicou que a decisão de encerrar o “Project Ranger” em favor de assumir a franquia Gears of War foi unânime entre a liderança. No entanto, essa mudança se mostrou divisiva quando foi comunicada à equipe mais ampla da Black Tusk Studios. Enquanto alguns membros vislumbraram uma nova e empolgante oportunidade, outros expressaram profundo desapontamento com o cancelamento do projeto no qual vinham trabalhando por tanto tempo.

Em uma entrevista anterior à Polygon, Mike Crump havia reconhecido esse sentimento de frustração, embora sem revelar a natureza do projeto. Na ocasião, ele afirmou: “Eu estaria mentindo se dissesse que não havia algumas pessoas na equipe que ficaram desapontadas quando descobriram que a coisa em que trabalhavam há tanto tempo seria arquivada.” A revelação de Robertson contextualiza essa declaração, mostrando a complexidade das decisões de desenvolvimento de jogos em grandes estúdios.

A interrupção do “Project Ranger” foi seguida por mudanças significativas na Black Tusk Studios, incluindo demissões. Posteriormente, Rod Fergusson, um produtor veterano da série Gears of War, foi contratado para assumir a liderança do estúdio. Sob sua direção, o Black Tusk Studios foi renomeado para “The Coalition”, um nome que faz clara referência à própria franquia Gears of War, consolidando a nova identidade e o foco principal da equipe.

Gears of War 4, o título que sucedeu o cancelamento do “Project Ranger”, foi lançado em 2016, apenas dois anos após o projeto de espionagem ser arquivado. A entrada foi bem recebida pela crítica e pelos fãs da adorada série, justificando, de certa forma, a aposta da Microsoft e da equipe na franquia.

Um detalhe curioso e talvez controverso sobre o “Project Ranger” é que o jogo ao estilo Uncharted deveria incorporar funcionalidades do Xbox Kinect. Embora Robertson não forneça mais detalhes sobre como essa integração funcionaria, a menção levanta questões sobre a usabilidade e a viabilidade de um shooter de ação e espionagem com controles de movimento na época.

O vídeo de Robertson sobre o “Project Ranger” oferece, sem dúvida, informações únicas sobre a história de um jogo que, apesar de nunca ter sido lançado, gerou expectativa na E3 e agora ilumina um capítulo pouco conhecido nos bastidores da indústria de videogames da metade dos anos 2010.

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