David Jaffe, o criador original da aclamada saga God of War da PlayStation, fez declarações polêmicas sobre a evolução de Kratos nos jogos mais recentes da franquia, lançados em 2018 e 2022. Em um vídeo no YouTube, acompanhado por John Garvin, criador de Days Gone, Jaffe argumentou que a nova caracterização de Kratos diverge da essência brutal e implacável que ele originalmente concebeu para o personagem.
No vídeo, Jaffe e Garvin discutiram a importância de preservar a essência dos personagens em grandes franquias. Jaffe sublinhou que, apesar de ser aceitável adicionar nuances aos personagens, a essência deve ser mantida. Segundo ele, Kratos deve continuar a ser o guerreiro feroz, sem se transformar em um pai lidando com problemas familiares.
“Muita gente me dizia: ‘Você é um idiota se acha que personagens não precisam mudar e ter seus arcos.’ Eu estou bem ciente disso, mas eu não acho que todo personagem precisa ser um personagem de uma ficção literária adulta onde começam em um ponto e são totalmente diferentes no final,” afirma Jaffe.
Os jogos God of War de 2018 e God of War: Ragnarok foram aclamados pela crítica e receberam diversos prêmios, com muitos jogadores apreciando a abordagem mais emocional e complexa da narrativa. Para esses fãs, a evolução de Kratos representa uma progressão natural para um personagem que passou por grandes traumas e perdas. No entanto, Jaffe não concorda e acredita que a profundidade emocional adicionada a Kratos não reflete a brutalidade que ele imaginou originalmente.
A nova direção da série conseguiu equilibrar ação intensa com uma narrativa profunda, explorando a relação de Kratos com seu filho Atreus e suas próprias lutas internas. Isso adicionou uma camada de profundidade que contrasta com a natureza inicialmente vingativa de Kratos. No entanto, Jaffe considera que Atreus, do ponto de vista da jogabilidade e do visual, é um personagem fraco e não conseguiu cativar os jogadores a ponto de se tornar um dos preferidos.
Jaffe também criticou a ideia de que Kratos, como personagem, poderia sustentar uma franquia na nova direção em que foi levado. Ele comentou que personagens de franquias de longa duração, como Superman, Batman e Homem-Aranha, devem manter uma certa consistência para não perderem sua identidade ao longo do tempo. Para ele, o novo Kratos não é um personagem que pode sustentar uma franquia de sucesso.
“Quando você está escrevendo o personagem de uma franquia, como Superman, Batman, Homem-Aranha, Mulher Maravilha e Kratos, você quer ter um pouco de nuance para que não pareçam unidimensionais. Mas você também não quer terminar com alguém que é tão diferente que no sexto jogo não pareça o Kratos,” disse Jaffe.
John Garvin, criador de Days Gone, compartilhou da mesma opinião. Ele afirmou que a falta do elemento de fantasia em Kratos e Nathan Drake, de Uncharted, fez com que os personagens perdessem um pouco de seu apelo. Garvin sugeriu que a evolução desses personagens, tornando-os mais sensíveis e pessoais, diminuiu a fantasia que fazia os jogadores desejarem se colocar no lugar deles.
“Não é que Cory e os escritores fizeram errado, mas é que estão formando uma franquia agora com esse Kratos e eu concordo, ele não é tão interessante quanto o seu Kratos [referindo-se a Jaffe]. Se trata de como fazer do personagem que será a cara da franquia, ser interessante e divertido de jogar. Não se pode esquecer da fantasia, que eu quero ser esse cara, quero ter sexo com essas ninfas, essa é a parte da fantasia. E você não acha que isso aconteceu com o Drake porque ele se casou e teve uma filha?,” questionou Garvin.
Jaffe também disse que não gostou do final de Uncharted 4, falando que esse é um jogo onde os jogadores só querem se sentir no papel do personagem, e criticou as mudanças na personalidade do personagem feitas pela Naughty Dog e Neil Druckmann. Ele não gosta da ideia de Cassie Drake poder protagonizar algum futuro jogo da franquia.
“Eu não odeio o Neil [Druckmann] e amo The Last of Us Part II, mas em Uncharted 4 a ideia era de que ele irá se aposentar, e se tivermos mais jogos do Uncharted, não será mais com ele porque a ‘história exige isso’. O marketing da Sony será ‘vamos fazer jogos com a Cassie Drake’. Vai se ferrar. Não funciona desse jeito e ele sabe disso,” critica Jaffe.
Em resposta às críticas de Jaffe, muitos fãs e críticos defendem a abordagem de Cory Barlog e a equipe de desenvolvimento dos novos jogos de God of War da Santa Monica Studio, destacando a profundidade emocional e a complexidade que foram adicionadas a Kratos e sua relação com Atreus. Apesar das opiniões divergentes, o debate sobre a evolução dos personagens em grandes franquias continua a ser um tema quente na comunidade gamer.
Fonte: Eurogamer
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