O YouTube anunciou novas diretrizes que visam apertar o cerco contra conteúdos de videogames com temas adultos e controversos, como jogos de azar e violência gráfica. A medida chega em um momento em que a indústria dos games, e plataformas como a Valve, enfrentam escrutínio público e de desenvolvedores, especialmente após a polêmica atualização de Counter-Strike 2, que gerou caos no mercado de itens cosméticos digitais e derrubou o marketplace da Steam. (via: gamesradar)
Em um comunicado intitulado “A abordagem reforçada do YouTube para jogos de azar online e violência gráfica em jogos”, a gigante da tecnologia, parte do grupo Google, explicou os motivos de sua decisão. A plataforma afirmou que suas políticas são concebidas para “evoluir em conjunto com o mundo digital”. O objetivo é “acompanhar as novas tendências, como apostas com bens digitais”, e “alinhar mais de perto suas diretrizes para conteúdo maduro com os padrões da indústria”.
Uma das principais mudanças anunciadas concentra-se no “conteúdo de jogos de azar online”, especificamente dentro do universo dos videogames. A política existente do YouTube já proibia a exibição de vídeos que direcionassem os espectadores a sites ou aplicativos de jogos de azar online não certificados pelo Google. Agora, essa aplicação será significativamente expandida. A plataforma passará a cobrir apostas online que envolvam itens adicionais com valor monetário, incluindo bens digitais como skins de jogos, itens cosméticos e NFTs (Tokens Não Fungíveis).
Essa alteração não pode ser desassociada da recente controvérsia em torno de Counter-Strike 2, onde os preços das “skins” – itens visuais que personalizam armas e personagens – geraram uma grande agitação na comunidade. O mercado de cosméticos da Valve, ao qual o YouTube faz uma clara alusão, movimenta aproximadamente US$ 6 bilhões, demonstrando a magnitude financeira e o potencial de risco associado a esses ativos digitais. Adicionalmente, o YouTube está atualizando sua abordagem para “jogos estilo cassino onde nada de valor monetário real é apostado ou sacado”. Conteúdo que retrate, promova ou facilite sites de cassino sociais será, a partir de agora, restrito por idade, buscando proteger públicos mais jovens da exposição a mecânicas que simulam o jogo de azar real.
Contudo, as novas políticas não se limitam apenas ao universo dos jogos de azar. Títulos como Grand Theft Auto 6, um dos jogos mais aguardados da próxima década, também podem ser diretamente afetados pelas novas regras do YouTube, devido ao seu foco em “conteúdo gráfico”, particularmente representações de violência. A plataforma especificou que, além de suas diretrizes já existentes sobre conteúdo gráfico em jogos, será implementada uma restrição de idade para “um pequeno subconjunto adicional de conteúdo de videogame que apresenta personagens humanos realistas e que se concentra em cenas de tortura ou cenas de violência em massa contra não-combatentes”.
O YouTube esclareceu que “considerará vários fatores ao revisar esse tipo de conteúdo”, como a duração e a proeminência das cenas violentas, além da já mencionada inclusão de “personagens humanos realistas”. Jogos como GTA 6 são conhecidos por não economizar nas representações de violência, e seus personagens são inegavelmente “realistas”, especialmente considerando os avanços visuais impressionantes prometidos para o próximo título da franquia, que adicionam detalhes a tudo, desde a grama até, claro, as pessoas.
Quanto à implementação dessas diretrizes, o YouTube prevê que a “maioria dos canais experimentará pouco ou nenhum impacto”. A plataforma informou que qualquer conteúdo carregado antes de 17 de novembro – data que marca a entrada em vigor oficial das novas políticas – poderá ser removido ou ter sua idade restrita. No entanto, os criadores terão a opção de editar o material previamente para se adequar às novas regras.
Este movimento do YouTube reflete uma crescente preocupação da indústria e das plataformas digitais com a regulação de conteúdo que permeia a linha entre entretenimento e atividades potencialmente nocivas. Em meio a esse debate, a própria evolução tecnológica do setor é pauta. O CEO da Take-Two, Strauss Zelnick, empresa responsável por títulos de grande porte como GTA, por exemplo, comentou recentemente sobre a inteligência artificial generativa, chamando-a de “o futuro da tecnologia” e prevendo que ela “aumentará o emprego”. Curiosamente, essas declarações vêm meses após Zelnick ter afirmado que “o gênio criativo de GTA 6 é humano”, evidenciando as múltiplas facetas e discussões que moldam o desenvolvimento e a veiculação de conteúdo no universo dos videogames.



