Há muito tempo circula entre os fãs da franquia Fallout uma teoria sobre uma suposta rivalidade entre a Bethesda, criadora e detentora da propriedade intelectual, e a Obsidian Entertainment, estúdio responsável pelo aclamado Fallout: New Vegas. A ideia de que a Bethesda teria hesitado em permitir que a Obsidian usasse a propriedade intelectual e sua Creation Engine para desenvolver o jogo tem alimentado essa especulação. O fato de New Vegas ser frequentemente elogiado como o melhor título da série apenas intensificou esses rumores ao longo dos anos. (via: thegamer)
No entanto, em uma entrevista concedida à revista PC Gamer, Todd Howard, chefe da Bethesda, fez questão de esclarecer que nunca houve qualquer conflito entre os dois estúdios. Segundo Howard, a colaboração para New Vegas surgiu de uma iniciativa da própria Bethesda. “Quando fomos fazer [New Vegas], estávamos vindo de Fallout 3”, explicou Howard. “Sabíamos que faríamos Skyrim. Conhecíamos bem o pessoal da Obsidian, amamos o trabalho deles, então os procuramos e dissemos: ‘Ei, vocês gostariam de fazer isso? Vemos algo diferente surgindo depois de Fallout 3’.” Essa declaração desmistifica a ideia de que a Bethesda teria sido relutante, sugerindo que a parceria foi uma decisão estratégica e amigável.
Ainda em relação aos elogios frequentemente direcionados a New Vegas como um jogo superior a Fallout 3, Howard reagiu com otimismo e reconhecimento. “Foi isso que pedimos que eles fizessem, certo? E eles fizeram um trabalho incrível em New Vegas”, afirmou o executivo, endossando a qualidade do trabalho da Obsidian e a recepção positiva que o título obteve junto aos jogadores e à crítica especializada.
Contudo, um dos pontos que mais contribuiu para a narrativa de uma possível animosidade foi a controversa cláusula contratual envolvendo os royalties de New Vegas. Segundo informações amplamente divulgadas na época, a Obsidian só receberia pagamentos adicionais pelo título se o jogo atingisse uma pontuação de 85 ou mais no agregador de análises Metacritic. O game, ao ser lançado, alcançou a nota 84, o que, por uma margem mínima, significou que o estúdio não recebeu os royalties estipulados. Esse detalhe financeiro gerou discussões acaloradas entre os fãs e na indústria, levantando questões sobre a justiça de tais termos contratuais.
Recentemente, Fallout: New Vegas voltou a ganhar destaque na cultura popular, impulsionado pela segunda temporada da popular série de televisão Fallout. A trama da nova temporada se passa em New Vegas e na região de Mojave, trazendo o jogo de volta aos holofotes e gerando um novo interesse por parte do público, tanto novos fãs quanto veteranos da franquia. Aproveitando o momento de renovado buzz, Todd Howard, impressionado com os cenários da série, fez um gesto significativo de respeito à Obsidian. Ele convidou veteranos do estúdio para visitar o set de filmagens da série, permitindo-lhes ver como sua visão foi adaptada para a televisão. “Enorme respeito ao pessoal da Obsidian. Os trouxe para o set para ver isso, e eles tiveram um ano incrível, se você olhar para o ano que tiveram”, disse Howard.
A Obsidian Entertainment é, de fato, um dos estúdios mais prolíficos no desenvolvimento de jogos triple-A modernos. Em um cenário onde grandes produções podem levar mais de uma década para serem desenvolvidas e lançadas, a Obsidian tem mantido um fluxo constante de lançamentos de alta qualidade. Nos últimos três anos, o estúdio entregou títulos como Grounded, Pentiment, Avowed, The Outer Worlds 2 e Grounded 2 (este último em acesso antecipado), demonstrando uma capacidade notável de inovação e produtividade.
Howard concluiu a entrevista refletindo sobre a diversidade de opiniões entre os fãs de Fallout, que frequentemente debatem qual é o seu título favorito. Para ele, essa discussão é um sinal de vitalidade da franquia. “Acho que os fãs debatem qual é o seu favorito, o que é compreensível”, disse Howard. “Acho ótimo que você possa ter muitas facções e os fãs digam: ‘Ah, eu gosto de um ou dois ou três ou quatro, ou Vegas ou 76’ agora, e então acho que isso é realmente saudável para uma franquia onde as pessoas podem dizer qual é o seu favorito.” Essa perspectiva reforça a ideia de que a rivalidade, se é que existiu, é mais uma percepção do público do que uma realidade interna entre as empresas.




