A estratégia da Xbox de disponibilizar seus jogos em múltiplas plataformas, um movimento que outrora pareceria impensável para observadores da indústria que se lembram de uma época em que os consoles eram definidos por seus títulos exclusivos, tem se consolidado nos últimos anos. Para Sarah Bond, presidente da Xbox, a própria noção de jogos exclusivos está se tornando “antiquada”, à medida que os maiores títulos do mundo se transformam em verdadeiras plataformas por si só. (via: gamesradar)
Em entrevista à Mashable, Bond foi questionada sobre o papel dos jogos exclusivos e explicou a visão da empresa. “Estamos realmente vendo as pessoas evoluírem muito além disso. Os maiores jogos do mundo estão disponíveis em todos os lugares”, afirmou. Ela citou exemplos notórios como Call of Duty, Minecraft, Fortnite e Roblox, destacando que “isso é o que realmente impulsiona a comunidade nos jogos”. Segundo a executiva, é nesses ambientes que as pessoas se reúnem e compartilham experiências, e “a ideia de trancar [um jogo] em uma única loja ou um único dispositivo é antiquada para a maioria das pessoas. Você quer poder jogar com seus amigos em qualquer lugar, independentemente da plataforma em que eles estejam”.
A fala de Bond, embora possa ser interpretada como uma defesa da postura da Xbox em não priorizar a produção de jogos estritamente exclusivos, na verdade, reitera uma estratégia de longa data da empresa. A Xbox tem se posicionado cada vez mais não como uma plataforma para jogar, mas como um serviço através do qual os jogos são acessados. Nesse contexto, a exclusividade de títulos perde sua relevância.
É inegável que, em 2025, títulos como Fortnite, Call of Duty, Roblox e Minecraft são os grandes motores da indústria. Estatísticas sobre os jogos que as pessoas efetivamente jogam mensalmente comprovam essa tendência. Enquanto uma parcela dos entusiastas do meio, incluindo criadores de conteúdo e profissionais da mídia tradicional, ainda possa preferir a abordagem mais “clássica” de jogos como produtos individuais, ou até mesmo como obras de arte, a realidade é que esses nichos representam uma fatia menor do mercado em comparação com a magnitude dos “live service whales” – os grandes títulos de serviço que geram engajamento contínuo e receita substancial.
Diante desse cenário, a Xbox busca oferecer valor em outras frentes. A questão central é: o que a Xbox oferece de particularmente atraente para jogos que o público pode jogar em qualquer outra plataforma? A empresa tem investido em diversas áreas para diferenciar sua proposta. Bond mencionou o streaming em nuvem, que permite aos jogadores acessarem seus títulos favoritos sem a necessidade de um hardware potente, apenas uma conexão à internet. Outro ponto são os bônus e vantagens oferecidos no Xbox Game Pass, como itens exclusivos para Fortnite, que adicionam valor à assinatura do serviço. Além disso, dispositivos portáteis como o ROG Xbox Ally X exemplificam a direção que a empresa está tomando.
A presidente da Xbox enfatizou a importância dos dispositivos portáteis, como o Ally X, como um pilar da estratégia. “Estamos realmente apostando nisso com essa experiência porque ela simplesmente abre outra forma de jogar”, explicou Bond. Essa lógica se estende ao streaming em nuvem e aos PCs, que, juntamente com os consoles que os jogadores já possuem em suas casas, expandem as possibilidades de acesso aos jogos. A visão é que o jogador tenha liberdade para escolher onde e como deseja interagir com os títulos, fortalecendo a ideia de um ecossistema mais flexível e abrangente.
Olhando para o futuro, a Microsoft já anunciou que a próxima geração de consoles Xbox “será uma experiência curada muito premium e de ponta”. Parte desse pensamento e dessa filosofia de design já pode ser observada nos dispositivos portáteis como o Xbox Ally, indicando uma continuidade na busca por inovação e por experiências de alta qualidade que se alinhem à estratégia de serviço e acessibilidade da marca.
