A aguardada segunda temporada da série Fallout, adaptação da aclamada franquia de videogames, evitará canonizar qualquer um dos múltiplos finais de Fallout: New Vegas, título desenvolvido pela Obsidian e muito apreciado pelos fãs. Os criadores da produção televisiva confirmaram a adoção de uma estratégia denominada “abordagem de névoa de guerra” para navegar por essa complexa questão. (via: ign)
Desde o anúncio da segunda temporada, a comunidade de jogadores e espectadores tem especulado sobre como a série, que é considerada canônica e se desenrola 15 anos após os eventos de Fallout: New Vegas, refletiria os desfechos possíveis do jogo. Para situar, a série Fallout é ambientada em 2296, nove anos após os acontecimentos de Fallout 4 e, como mencionado, 15 anos após Fallout: New Vegas. A própria discussão sobre qual final de Fallout 4 deveria ser canonizado já havia surgido anteriormente.
No universo de Fallout: New Vegas, o jogador, conhecido como “O Correio”, pode moldar o destino da região através de suas escolhas. As principais conclusões do jogo incluem uma vitória para o próprio jogador durante a Batalha da Represa Hoover, que resultaria na expulsão de todas as facções, incluindo o Mr. House; uma vitória para o Mr. House, que manteria o controle de New Vegas e da Represa Hoover; uma vitória para a Legião de Caesar; ou um triunfo para a Nova República da Califórnia (NCR). Existem, ainda, diversas variações dentro desses cenários centrais.
A presença de Mr. House na segunda temporada, vivo (de certa forma) e em um cenário pós-guerra em New Vegas, conforme já indicado por trailers, levou muitos a crer que ele teria sobrevivido aos eventos do videogame. Contudo, essa aparição não implica que seu final seja o único caminho canônico. Em entrevista à IGN, a produtora executiva, criadora e showrunner Geneva Robertson-Dworet, junto com o produtor executivo Jonathan Nolan, confirmou que a segunda temporada não fará uma escolha definitiva sobre quem venceu Fallout: New Vegas.
Nolan explicou que a “abordagem de névoa de guerra” foi uma ideia de Geneva Robertson-Dworet e do co-showrunner Graham Wagner, a qual ele classificou como “uma maneira absolutamente brilhante de contornar toda essa questão”. Robertson-Dworet complementou, afirmando que a decisão foi tomada em conjunto logo no início da produção, com o objetivo de “honrar, o máximo possível em nossa série, as experiências de todos os jogadores e todas as escolhas que eles pudessem fazer ao jogar o jogo”. Ela acrescentou que eles sempre buscaram evitar “tentar fazer de um final canônico o final que levasse aos eventos da série”.
Na segunda temporada, a narrativa apresenta uma realidade onde todas as diferentes facções envolvidas nos eventos do videogame New Vegas acreditam ter saído vitoriosas. Nolan descreveu a ideia como “deliciosa”, argumentando que, 15 anos após um conflito, “cada facção pode pensar que venceu”, o que, para ele, possui uma “qualidade poética”. Robertson-Dworet reforçou a perspectiva, dizendo que “a história da história depende de quem você pergunta”.

Nem todas as facções tiveram um desfecho favorável, entretanto. Uma das facções menores favoritas dos fãs em New Vegas, os Kings — uma gangue de rua formada por indivíduos que descobriram uma escola de imitadores de Elvis e decidiram viver de acordo com os ideais do “Rei” —, não se saiu bem. Na série, alguns deles se tornaram ghouls. Nolan confirmou que os ghouls com o estilo Elvis vistos na série são, de fato, os Kings do jogo, brincando que “não funcionou muito bem para os Kings, pelo menos para alguns deles”.
O produtor continuou, observando que, independentemente da facção que vencesse ou perdesse, todas estariam em “modo de reconstrução”. Nolan também sugeriu que a “santidade de Vegas”, um local que Mr. House protegia cuidadosamente, foi “removida ou violada” por razões que serão compreendidas ao longo da temporada. Isso, segundo ele, significa que os personagens que estavam seguros no jogo enfrentaram “tempos difíceis”.
Apesar das mudanças, muitos elementos da New Vegas da segunda temporada soarão familiares aos fãs do videogame. Robertson-Dworet descreveu a Strip, por exemplo, como “um tipo de localização muito sagrada”. “Você realmente sente que está quase entrando no coração do jogo quando chega à Strip”, disse ela, elogiando o trabalho do designer de produção Howard Cummings, que recriou o local em um shopping center abandonado, alcançando uma escala “fenomenal”. Freeside também impressionou a produtora, que destacou o fato de ter sido filmada na mesma rua usada em séries como Westworld e Deadwood, tornando a experiência de ver o local transformado em um cenário de Fallout “muito emocionante” para ela, como fã e criadora.
A segunda temporada de Fallout tem sua estreia marcada para 17 de dezembro.







