Rockstar gerou colapsos em devs por crunch brutal de Bully

Rockstar gerou colapsos em devs por crunch brutal de Bully

No próximo ano, de 2026, enquanto a indústria de jogos e o público em geral aguardam com expectativa novos lançamentos e reviravoltas na cena musical, um título em particular da Rockstar Games celebra um marco importante: “Bully” completará 20 anos de seu lançamento. A efeméride reaviva as esperanças de fãs por algum tipo de relançamento comemorativo do aclamado jogo de mundo aberto. (via: gamesradar)

Entretanto, por trás da aura de cult e da expectativa por uma revisita à Academia Bullworth, emerge um lado menos conhecido do processo de desenvolvimento, revelado por um dos criadores do jogo. Segundo Andrew Wood, artista de ambiente em “Bully”, a jornada para entregar o jogo foi exaustiva, deixando memórias complexas e ambivalentes para a equipe.

Em entrevista à revista Retro Gamer, Wood descreveu a experiência como um misto de sentimentos: “As lembranças são de amor e ódio. Foi um tempo divertido, estranho, infernal, caótico e incrível. Eu reflito com carinho sobre as pessoas, os momentos e as coisas malucas que fazíamos depois do expediente, mas então penso no estresse.”

O estresse a que Wood se refere era de proporções significativas. Ele detalha longos dias de trabalho, sete dias por semana, em um esforço para finalizar o projeto e garantir que o jogo estivesse pronto para seu lançamento em outubro. A pressão e as horas extenuantes geraram um alto índice de rotatividade de pessoal na equipe. “Havia conflitos internos constantes devido ao estresse de estar sempre no trabalho. Algumas pessoas tiveram colapsos mentais. Elas simplesmente cederam. Era difícil trabalhar naquele tipo de ambiente, mas eu sabia que ‘Bully’ valeria a pena no final, então persisti”, explicou o artista.

A situação se intensificou à medida que a data de lançamento se aproximava. Wood relatou que as pausas para almoço e jantar foram revogadas. Para manter a equipe trabalhando sem interrupções, a alimentação era fornecida no próprio escritório, o que, para muitos, começou a criar a sensação de um “ambiente de prisão”. “Era brutal às vezes, especialmente perto do fim. Estávamos trabalhando sete dias por semana, com uma média de 18 horas por dia. Isso simplesmente esgotou as pessoas. Tivemos uma grande rotatividade, mas decidi ficar porque eu sabia que o projeto seria algo especial”, reiterou Wood.

Apesar das condições desafiadoras de desenvolvimento, a equipe conseguiu criar um título que de fato se provou especial. Adaptando a aclamada fórmula de mundo aberto da Rockstar para o cenário de um garoto em um internato buscando causar perturbações no sistema educacional, “Bully” se destacou por seu humor particular e sua perspectiva adolescente. O jogo mantém sua distinção no catálogo da empresa, sendo valorizado por sua abordagem peculiar aos arquétipos da Rockstar.

Ao longo dos anos, uma legítima base de fãs cult se formou em torno de “Bully”, à medida que mais jogadores apreciam sua visão um tanto excêntrica. As memórias difíceis de Wood sobre a produção não alteraram sua percepção sobre o legado do jogo. “Eu amo o jogo e amo o fato de que, quase 20 anos depois, as pessoas ainda o valorizam”, concluiu ele.

Outro ex-desenvolvedor de “Bully” revelou, ainda, que grande parte da narrativa do jogo clássico de mundo aberto foi inspirada na própria infância de Dan Houser, cofundador da Rockstar. Essa base autobiográfica permitiu que a história “tocasse nas memórias de infância de todos” os envolvidos na criação.

Diante da persistente paixão da comunidade e do reconhecimento da singularidade de “Bully”, a expectativa por um relançamento para o 20º aniversário permanece viva, com muitos fãs torcendo para que a Rockstar Games revisite este capítulo único de sua história.

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