Enquanto blockbusters cinematográficos frequentemente se apoiam em fórmulas consagradas, como filmes de super-heróis ou animações com animais falantes em CGI, o universo dos videogames muitas vezes celebra títulos que desafiam a acessibilidade. Grandes sucessos do setor são, por vezes, jogos notavelmente implacáveis: os exigentes “Soulslikes”, campanhas de RPG de mesa que demandam centenas de horas, ou RPGs franceses por turnos com sistemas de defesa (parry) tão rigorosos quanto os vistos em títulos como Sekiro. (via: thegamer)
Nesse cenário de jogos desafiadores, Clair Obscur: Expedition 33 surge como um exemplo notável. O autor do texto original expressa um grande apreço pelo título e pela recepção positiva que ele tem recebido. No entanto, ele também observa uma certa frustração entre alguns jogadores. Com o crescente entusiasmo em torno do jogo e sua fácil disponibilidade através do Game Pass, muitos entusiastas mergulharam em Expedition 33 apenas para rapidamente perceber que suas habilidades não eram suficientes para dominar seu combate surpreendentemente dinâmico e acelerado. Essa situação é vista como uma pena, tanto pela qualidade excepcional do jogo, que mereceria ser experimentado por todos, quanto pela sugestão de que a dificuldade enfrentada pode não ser inteiramente culpa do jogador.
Para um jogo por turnos, Expedition 33 exige reflexos bastante apurados. O tempo de resposta é um elemento intrínseco a cada aspecto do combate. Mesmo em comparação com outros jogos de combate ativo por turnos, Expedition 33 apresenta uma complexidade elevada. Dependendo do ataque inimigo, os jogadores podem precisar bloquear, defender (parry), saltar ou empregar um bloqueio mais potente, conhecido como “parry gradiente”. Inimigos mais robustos desferem longas sequências de ataques de diferentes tipos, exigindo que cada um seja neutralizado com um timing quase perfeito. Mesmo para jogadores experientes em sistemas de parry, este não é um jogo fácil.
Curiosamente, a vasta experiência em combates acelerados pode até complicar as coisas. Jogadores habituados a “Soulslikes” ou outros títulos que valorizam o parry geralmente esperam uma janela específica para executar o bloqueio – normalmente, no exato momento em que o ataque inimigo atinge, ou um pouco antes. Em Expedition 33, qualquer tentativa de parry que seja uma fração de segundo adiantada resultará em falha. É necessário pressionar o comando precisamente quando o ataque atingiria o personagem, ou mesmo um milissegundo ou dois depois. Essa janela de tempo é extraordinariamente apertada e oferece uma sensação distinta do que é comumente encontrado em outros jogos.
Acertar essa janela é, sem dúvida, difícil. Mas justamente por deixar pouquíssima margem para erro, Expedition 33 pode expor problemas técnicos na configuração de jogo do usuário que talvez não tenham relação direta com o seu tempo de reação.
Mesmo com um timing impecável, a televisão, as caixas de som ou o controle podem estar sabotando o desempenho do jogador. Se os parries estiverem falhando sem motivo aparente, ou se a sensação de que algo está errado com o tempo de resposta, pode ser útil investigar algumas dessas questões comuns.
Muitas televisões possuem configurações de imagem que podem descalibrar o timing. Uma função comum é o “Image Smoothing” (Suavização de Imagem), um processo de interpolação que adiciona quadros até que a imagem corresponda à taxa de atualização nativa da TV. Por razões óbvias, não é desejável que a televisão adicione quadros inexistentes a Expedition 33, portanto, é crucial desativar qualquer recurso de geração de quadros. Se a TV possuir um “modo jogo”, ativá-lo é ainda melhor, garantindo que as imagens sejam exibidas corretamente.
O parry depende de aguardar o momento exato do ataque inimigo, mas Expedition 33 também faz uso de diversas dicas de áudio para orientar o jogador. Uma vez que se aprende a reconhecer esses sinais sonoros, é possível vencer combates de olhos fechados. Isso, no entanto, pressupõe que o áudio esteja sincronizado. Há várias razões para que isso não ocorra, dependendo da configuração. Soundbars Bluetooth são notoriamente conhecidas por criar problemas de sincronia de áudio, mas até mesmo algo tão simples quanto um cabo HDMI defeituoso pode gerar inconsistências. Se o problema parecer relacionado ao áudio, é aconselhável tentar usar o som da própria TV em vez de um sistema externo, ou conectar as caixas de som à TV com um cabo de fibra óptica em vez de Bluetooth.
Muitos jogos de ritmo incorporam um ajustador de sincronia de áudio exatamente por essa razão. Seria benéfico se a Sandfall, desenvolvedora de Expedition 33, pudesse adicionar um recurso similar ao jogo.
O controle sem fio também pode ser uma fonte de problemas. Embora os controles originais de PlayStation e Xbox geralmente não apresentem questões de latência Bluetooth significativas, gamepads de terceiros, especialmente os personalizáveis, podem introduzir atrasos. Se as ações no jogo parecerem registrar com atraso, a recomendação é testar um controle diferente ou conectar o atual por cabo ao PC ou console.
Ao final, a análise oferece uma perspectiva consoladora: quando todas as outras opções falham, é sempre possível culpar o jogo. O autor reitera que a dificuldade extrema pode ser um fator independente da habilidade do jogador, assegurando que, apesar dos desafios em Expedition 33, o jogador ainda possui proficiência em videogames.





