Todd Howard defende uso de IA em games com foco na arte humana

Todd Howard defende uso de IA em games com foco na arte humana

Todd Howard, o renomado diretor da Bethesda, empresa por trás de franquias icônicas como The Elder Scrolls e Fallout, compartilhou suas reflexões sobre a crescente incorporação da inteligência artificial (IA) na indústria de videogames. Em um cenário onde a tecnologia é um tópico de intenso debate, Howard posicionou a IA como uma “ferramenta”, enfatizando que, apesar de seu potencial, ela não pode substituir a intenção criativa humana. (via: eurogamer)

As declarações de Howard foram feitas durante um evento para a segunda temporada da série Fallout, onde ele conversou com Mat Jones, produtor social da Eurogamer. Embora grande parte da discussão tenha se concentrado na adaptação televisiva da Amazon, Jones aproveitou a oportunidade para abordar o tema da IA, uma questão que tem gerado discussões acaloradas no setor.

“Eu a vejo como uma ferramenta”, afirmou Howard, salientando a prioridade dos artistas humanos na criação. “A intenção criativa vem dos artistas humanos, em primeiro lugar”, disse ele. O executivo explicou que a Bethesda explora a IA como um recurso para otimizar os processos internos, agilizando iterações e aprimorando as ferramentas de desenvolvimento de mundos. Ele traçou um paralelo com a evolução do software, comparando as versões atuais de programas como o Photoshop com as de uma década atrás, sugerindo que ninguém gostaria de retornar às ferramentas mais antigas. Para Howard, o foco é na otimização, não na geração autônoma de conteúdo. “Essa é a nossa visão”, concluiu o chefe da Bethesda. “Mas queremos proteger a arte. A intenção humana é o que torna nosso trabalho especial.”

As observações de Howard chegam em um período de rápida expansão do uso de IA por desenvolvedores de jogos. A tecnologia está sendo aplicada em diversas camadas do desenvolvimento, desde a criação de NPCs (personagens não jogáveis) mais complexos, como os vistos no recém-lançado Where Winds Meet, até outras funcionalidades.

Relatórios recentes sublinham essa tendência. No ano passado, um levantamento da Unity revelou que 62% dos estúdios que utilizam suas ferramentas incorporaram a IA em alguma fase do desenvolvimento de jogos. O estudo da Unity destacou a animação como a principal aplicação da tecnologia. Paralelamente, uma pesquisa da GDC (Game Developers Conference) no mesmo ano indicou que aproximadamente um terço dos profissionais da indústria já faz uso de ferramentas de IA. A expectativa é que esse número seja ainda maior em 2025. Complementando esses dados, uma pesquisa realizada na Tokyo Games Show reportou que mais da metade das empresas japonesas de jogos já empregam IA em seus processos de desenvolvimento.

A crescente presença da IA no setor também tem gerado controvérsias e repercutido nas manchetes. Recentemente, a editora Running with Scissors cancelou o lançamento de Postal: Bullet Paradise, um shooter cooperativo em primeira pessoa desenvolvido pela Goonswarm Games. A decisão foi tomada após a revelação do jogo, dois dias antes, ter gerado um feedback negativo significativo, com muitos indicando que grande parte do material parecia ter sido gerado por inteligência artificial.

Em contraste com essa cautela, Tim Sweeney, chefe da Epic Games, adotou uma postura mais abrangente no mês passado, afirmando que “a IA estará envolvida em quase toda a produção futura”. Sweeney chegou a comparar a exigência de que os jogos na Steam revelem se foram construídos com IA à solicitação de informações sobre o tipo de xampu que os desenvolvedores utilizam, sugerindo que a IA se tornará um componente tão onipresente quanto outras ferramentas básicas de produção.

Além de suas perspectivas sobre IA, Todd Howard também esteve em destaque recentemente por revelar seu jogo do ano e discutir a possibilidade de uma adaptação de The Elder Scrolls, mostrando seu engajamento contínuo com os principais temas da indústria e suas próprias franquias.

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